Amplamente reconhecido como um dos mais conceituados designers de sapatos em todo o mundo, Manolo Blahnik é admirado pelas suas criações de formas elegantes e graciosas. A sua notoriedade alcançou um patamar extraordinário após a marca ser destacada repetidas vezes na icónica série de televisão americana Sex and the City.
Manolo Blahnik alcançou uma forma de imortalidade no mundo da moda. Gerações inteiras de mulheres veneram as suas criações sofisticadas e glamorosas. Isabella Blow acumulou 120 pares; Anna Wintour, que confia no modelo Callasli, que Blahnik personalizou para atender aos seus requisitos específicos; Bianca Jagger, Anjelica Huston, Paloma Picasso e Diana Vreeland – esta última responsável por incentivá-lo a dedicar-se ao design de calçado – estão entre as figuras que abraçaram o seu estilo.
Nascido em Santa Cruz de La Palma, nas ilhas Canárias, em novembro de 1942, Manolo Rodríguez Blahnik é filho de mãe espanhola e de pai checo, um homem de negócios. A mãe, conhecida pelo gosto apurado, fazia questão de encomendar roupas e revistas do estrangeiro. Foram publicações como a Harper’s Bazaar que lhe passaram conceitos sobre o que era a verdadeira elegância e beleza. Entre as encomendas que a sua mãe fazia, chegavam também uns sapatos que Manolo usava até se tornarem inutilizáveis.
O fascínio pelos sapatos esteve presente desde sempre. Contudo, apesar dessa paixão, nunca pensou em fazer disso carreira. Manolo iniciou os estudos universitários em Genebra, dedicando-se à Política e ao Direito, mas rapidamente mudou de direção, optando por Literatura e Arquitetura. Mais tarde, seguiu para Paris, onde estudou Arte e Design de Cenários, em 1965, antes de se estabelecer em Londres, em 1969. Depois de se ter mudado para a capital do Reino Unido, começou a escrever para a Vogue italiana e passou a trabalhar na Zapata, uma boutique londrina.
Foi nesse período que aconteceu o famoso encontro com Diana Vreeland, então diretora da Vogue americana. Foi, aliás, em 1970, durante uma viagem a Nova Iorque, que Manolo teria a oportunidade de apresentar os seus designs teatrais e cenográficos à incomparável editora. O olhar apurado de Vreeland fixou-se nos sapatos e, com a sua autoridade inquestionável, incentivou-o a dedicar-se exclusivamente a eles. Inspirado pelo conselho, Manolo decidiu aprofundar o seu conhecimento na arte do calçado, tornando-se um verdadeiro artesão. Aprendeu diretamente com os mestres do ofício: operadores de máquinas, cortadores de padrões e técnicos das fábricas, aperfeiçoando cada detalhe do processo de criação.
A produção de sapatos arrancaria em 1971, curiosamente, com a criação de calçado masculino. Pouco depois, no entanto, Blahnik decidiu enveredar por um novo rumo, considerando o segmento algo limitado e percebendo um vasto campo para explorar a sua criatividade no setor feminino. O seu instinto revelou-se certeiro, alcançando grande sucesso com as suas criações de sapatos para senhoras. Mais tarde, foi a série de TV Sex and the City que catapultou a marca para o status de objeto de desejo – os sapatos ganharam destaque por serem adorados pela personagem principal, encarnada por Sarah Jessica Parker. A admiração global pela marca é de tal ordem que Madonna chegou a afirmar que usar um dos seus sapatos “é melhor do que sexo.” Blahnik, com o seu bom humor, respondeu-lhe: “Claro, dura mais.” Este seu espírito irreverente e criativo continua a ser a sua marca registada. Depois de uma carreira em Arquitetura, Kristina Blahnik, sobrinha de Manolo, ingressou na empresa em 2009. Alguns anos mais tarde, em 2013, assumiu o papel de CEO, trazendo para a marca o seu olhar excecional para o detalhe e fundindo com sucesso as suas raízes arquitetónicas com o talento empresarial. Nessa altura, a empresa era liderada por Manolo e Evangelina, a irmã. Atualmente, a marca, que conta já mais de meio século de existência desde a sua fundação, emprega mais de 250 pessoas e, no ano passado, adquiriu uma nova sede e um novo showroom em Londres. Kristina mantém ainda uma relação de trabalho próxima com o tio, que continua a ser o diretor criativo e presidente da empresa.
