Inovação e funcionalidade definem a visão pioneira de Thomas Burberry. Conhecido pela criação do revolucionário tecido gabardine e pelo clássico e elegante trench coat, os seus designs visionários catapultariam a moda britânica para a ribalta. Nos dias de hoje, a essência da sua marca representa o balanço perfeito entre o presente, representando a cultura britânica moderna, e o passado, pela prioridade dada à tradicional confeção artesanal e à qualidade de excelência.
Tendo começado como um jovem aprendiz de tecidos numa loja de comércio local em Inglaterra, Thomas Burberry revelou desde cedo o seu espírito empreendedor e a sua visão avant-garde. Em 1856, com apenas 21 anos, fundou a sua marca, na pequena cidade de Basingstoke, com o objetivo de desenhar peças de roupa que oferecessem uma proteção contra o chuvoso e inóspito clima inglês. A curiosidade pelas tecnologias da época e as novas invenções levaram-no a experimentar diversos materiais na esperança de obter um tecido adequado à prática das normais atividades ao ar livre. Foi assim que, em 1879, surgiu o tecido gabardine, caracterizado pela leveza e resistência à água, que transformou os casacos para a chuva, outrora pesados e desconfortáveis, em peças leves e respiráveis. Patenteado em 1888, este material foi o primeiro passo para a promissora jornada de sucesso da Burberry.
Com a promessa de resistir às condições meteorológicas mais adversas, este tecido começou a chamar a atenção dos mais aventureiros. Exploradores reconhecidos por todo o globo começaram a utilizar peças feitas deste material nas suas expedições, comprovando a sua resistência. No início do século XX, a Primeira Guerra Mundial acabaria por mudar o rumo da marca. A pedido do British Army Office, Thomas Burberry inventou o icónico trench coat, que se tornou o uniforme dos soldados britânicos. A leveza e funcionalidade do seu design permitiam que os militares pudessem carregar o seu equipamento, como apitos ou granadas.
Em 1920, foi criado o tão conhecido padrão check, que inicialmente era apenas usado no forro dos trench coats. Apesar da morte do fundador, em 1926, o seu legado perpetuou-se e o negócio de família, herdado pelos filhos, continuou a prosperar. O crescimento da popularidade da casa de moda inglesa levou a que, em 1965, uma em cada cinco pessoas no Reino Unido tivesse na sua posse um casaco Burberry. Celebridades de Hollywood eram fotografadas usando os icónicos trench coats da marca, que chegaram a ser usados em obras-primas da indústria cinematográfica, como é o caso de Humphrey Bogart, em Casablanca, e Audrey Hepburn, em Breakfast at Tiffany´s.
As décadas seguintes revelar-se-iam, no entanto, um pouco atribuladas para esta casa britânica, especialmente durante os anos 1990, em que a prestigiada marca de Burberry se viu associada ao movimento hooligalism, caracterizado por manifestações violentas em eventos desportivos no Reino Unido. De facto, estes artigos eram usados de tal forma excessiva pelos seus adeptos que certos estabelecimentos públicos optaram por proibir a entrada de qualquer pessoa que estivesse a usar Burberry.
Graças à visão de Christopher Bailey, então diretor criativo, que construiu uma nova identidade para a marca, preservando a sua herança histórica, a Burberry conseguiu recuperar a sua prestigiada reputação. A ele deve-se a reinvenção do tradicional e sofisticado trench coat, adaptado agora aos tempos modernos, mas sempre fiel à tradição e ao trabalho artesanal de confeção. A sua visão única sobre a moda fez com que a Burberry fosse uma das marcas pioneiras a integrar o streaming nos seus desfiles de moda e a primeira marca de artigos de luxo a aderir à Ethical Trading Initiative. De facto, sob a direção de Bailey, a Burberry, mais do que uma marca de luxo, é hoje também pioneira no digital, na inovação e na criatividade.
Independentemente das adversidades inerentes a qualquer marca centenária que tenta sobreviver às constantes mudanças do contemporâneo, a Burberry conseguiu manter-se fiel aos valores do seu fundador, tendo inclusive superado muitos destes desafios. Aliás, o logótipo e o monograma atuais, lançados em 2017 e inspirados nas iniciais do seu fundador, comprovam a importância do regresso às origens no presente, mesmo após a sua morte. A sua visão progressista e ousada, intrínseca à marca, permitiu a revitalização da mesma na atualidade. É impossível negar a presença de destaque que a Burberry continua a ter no mundo da moda, atraindo as gerações mais novas, sem nunca esquecer o seu legado.