A narrativa da coleção é íntima e, contudo, familiar: Uma série de instantâneos, alternadamente granulados e luminosos. Cada imagem é a natureza morta de uma vida que nunca morre. Movimentos eternizados por um flash. A personagem desta história está na rua e chama um táxi, verifica o relógio, sobe o fecho de uma gola ou saia, aperta o cinto ou os cordões de um sobretudo. Sai para enfrentar o dia e os elementos vestida em couros brilhantes e resistentes, sarjas robustas, caxemiras macias e veludo cotelê. As calças com abotoamento duplo, cintura alta e bootcut resumem o visual. Monta a cavalo ou empoleira-se numa moto, com botas e casaco de motard com tachas, cuja estrutura traz a marca de uma sela.
As suas roupas destacam-se na multidão por uma paleta pictórica com detalhes vibrantes: castanhos terrosos e pretos escuros, beges suaves e cinzas, vermelhos profundos e exuberantes. Isolam do frio e da humidade, definem uma silhueta com o rigor de um casaco equestre. Criam limites com a paisagem, deixando-a livre para se movimentar. E respiram com ela. Cortes limpos, fechos curtos, cintos de estribo largos e padrões de diamantes, onde estão refletidos séculos de artesanato. Um vestido de cintura franzida costurado com quadrados. Jodhpurs reinventados como leggings de couro. Um selim transformado num casaco de couro acolchoado tipo motard, um casaco que se desdobra numa manta.
Navegar entre arquétipos, entre o masculino e o feminino tendo como cúmplices a versatilidade, a robustez e a atenção ao detalhe. Um raio de sol perfura a cobertura das nuvens e a fina cortina de névoa, divide-se, por fim. A luz reflete-se na calçada, ofuscando o cinza. Cheia de audácia, esta mulher Hermès corre rumo ao futuro.