Uma cozinha de exceção feita com os melhores ingredientes e técnicas culinárias, consistente e polvilhada com a criatividade dos chefs é o segredo do sucesso para entrar para o Guia Michelin e ganhar as suas estrelas.
“Uma experiência gastronómica excecional.” É isto que um restaurante tem de oferecer a quem se senta nas suas mesas para conseguir ostentar as emblemáticas estrelas Michelin que muitos restaurantes e chefs desejam arduamente e que levam muitos foodies a percorrer largos quilómetros para provar as recomendações do guia gastronómico mais famoso do mundo.
Curiosamente, o icónico livro vermelho começou por ser uma forma de encorajar mais condutores a viajarem de automóvel corria o ano de 1900 (convém não esquecer que a Michelin é uma empresa de pneus). Os irmãos André e Edouard Michelin decidiram fazer um pequeno guia com mapas, informação sobre como trocar pneus, sítios onde abastecer os veículos de combustível e uma lista de locais para comer e para pernoitar. Duas décadas depois, a secção de restaurantes já era escolhida por uma equipa de inspetores secretos e, em 1926, foram atribuídas as primeiras estrelas. Cinco anos mais tarde, foi introduzida a hierarquia de uma, duas e três estrelas, tal como as conhecemos atualmente.
Cinco critérios
Segundo dados da própria Michelin, o guia avalia atualmente mais de trinta mil restaurantes e hotéis em trinta países espalhados por três continentes (Europa, América e Ásia) e os critérios que levam à atribuição das estrelas são cinco: “Qualidade dos ingredientes, a harmonia dos sabores, o domínio das técnicas, a personalidade do chef expressa através da confeção e a regularidade em todo o menu e ao longo do tempo”.
A avaliação é feita por inspetores anónimos que anualmente visitam os restaurantes, normalmente mais de uma vez e em horas e dias diferentes para confirmar a tão importante consistência, e a decisão final é sempre tomada em equipa. Como se pode ler no site do Guia Michelin, “uma estrela deve significar o mesmo e ter o mesmo valor, independentemente do local do mundo onde esteja localizada”. A comida é o único fator considerado, e qualquer estilo de restaurante e tipo de cozinha pode conseguir uma estrela. “Alguns restaurantes com estrelas Michelin são inovadores, outros tradicionais; alguns oferecem menus fixos, outros à la carte; alguns são lugares descontraídos, outros formais”, refere o Guia Michelin.
Além das estrelas, o famoso guia atribui ainda o Bib Gourmand, que destaca “uma cozinha simples, porém habilidosa, a um preço acessível”; e a estrela Verde, introduzida em 2020, que premeia as práticas sustentáveis dos restaurantes.
As estrelas Michelin impulsionam o turismo gastronómico e contribuem para o reconhecimento nacional e internacional dos restaurantes distinguidos, o que leva na generalidade dos casos a um crescimento significativo da procura.
1, 2 ou 3 estrelas?
1 estrela Michelin: distingue restaurantes que utilizam ingredientes de alta qualidade, onde os pratos com sabores distintos são preparados com um padrão elevado e constante.
2 estrelas Michelin:são atribuídas quando a personalidade e o talento do chef são evidentes nos seus pratos habilmente elaborados e inspiradores.
3 estrelas Michelin: estão reservadas a uma cozinha fora do comum. Os chefs que obtêm este reconhecimento elevam a gastronomia ao nível da arte com pratos que, por vezes, estão destinados a tornar-se clássicos.
Fonte: Guia Michelin.
As estrelas portuguesas
No início de 2024, Portugal teve pela primeira vez um guia exclusivo – até então, o guia era partilhado com Espanha –, que sugere172 restaurantes, dos quais oito têm duas estrelas, 31 uma, cinco ostentam a estrela Verde e 32 o Bib Gourmand. A estes juntam-se 96 restaurantes recomendados.
Duas estrelas
Vila Joya, Albufeira; Il Gallo d’Oro, Funchal; Casa de Chá da Boa Nova, Leça da Palmeira; Belcanto e Alma, Lisboa; Ocean, Porches; Antiqvvm, Porto; The Yeatman, Vila Nova de Gaia.
Uma estrela
Gusto by Heinz Beck, Almancil; G Pousada, Bragança; Fortaleza do Guincho, Cascais; Desarma e William, Funchal; A Cozinha, Guimarães; Bon Bon, Lagoa; Al Sud, Lagos; 2Monkeys, Encanto, Feitoria, Fifty Seconds, Loco, Kanazawa, 100 Maneiras, Sála de João Sá, Eleven, Kabuki, EPUR, Cura,
Lisboa; Mesa de Lemos, Passos de Silgueiros; Vista, Portimão; Euskalduna Studio, Pedro Lemos, Le Monument e Vila Foz, Porto; Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz; Ó Balcão, Santarém; Lab by Sergi Arola e Midori, Sintra; A Ver Tavira, Tavira.