Apaixonada, inconformista e intensa, a pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954) é uma das artistas mais importantes do século XX. Figura de culto, a sua imagem e estilo foram imortalizados pela objetiva de fotógrafos, artistas e designers de moda, seduzidos pela sua vida e personalidade. Este ano, a coleção Dior Cruise inspira-se na artista mexicana e o Grand Palais Immersif em Paris exibe uma das exposições mais aguardadas dedicada a Frida, para ver até março de 2025.
Falar-se-á muito este ano de Frida Kahlo, agora que passam setenta anos da sua morte. Nascida três anos antes da revolução mexicana — lemos que Frida preferia ter nascido em 1910 e não em 1907, movida pela sua forte independência, caráter rebelde e apaixonado, e para que as pessoas pudessem associá-la diretamente ao México moderno —, a artista inspirou e continua a inspirar todos os que estão, de alguma forma, ligados ao ato criativo, independentemente da disciplina.
A Dior prolonga esta ligação a Frida Kahlo e a tudo o que a artista alguma vez representou à sua vida e forma de ser através da coleção Dior Cruise 2024. Maria Grazia Chiuri, que assina as coleções de alta-costura, prêt-à-porter e acessórios femininos da maison francesa, inspirou-se em fotografias de Frida Kahlo e colaborou com artesãos locais, fazendo brilhar as peças com bordados, entre elas os vestidos e camisas.
Ultrapassando as fronteiras de género, a artista mexicana ousou fazer das roupas bandeiras de protesto e afirmação. Aos 19 anos, Frida vestiu um fato masculino de três peças, transgredindo a sua feminilidade para reivindicar a independência, acima de tudo intelectual. Como tal, os fatos da coleção Dior Cruise 2024 prestam homenagem ao seu estilo, em harmonia com o vestido tehuana, as saias rodadas usadas com o huipil, túnica tradicional, as joias, as borboletas, as cores e os padrões. Rendas de algodão, cânhamo e seda, golas em jérsei e veludo, também visto nas saias com pregas que anunciam ancas generosas, entre outros detalhes, celebram ainda a fragilidade e a beleza única de Frida.
A generosidade de uma vida cheia
Marcada pelo sofrimento físico desde muito nova — primeiro, a poliomielite contraída aos 5 anos de idade e, mais tarde, um grave acidente rodoviário que a obrigou a submeter-se a mais de trinta operações —, Frida Kahlo pintou muitas das suas obras deitada na cama. Das mais de uma centena, 55 são autorretratos e nelas estão expressas as feridas, físicas e psicológicas.
Mulher do famoso pintor mexicano Diego Rivera, que conheceu ainda muito jovem — e o seu principal mentor —, Frida Kahlo viveu a maior parte da sua vida na Casa Azul. A casa de família, hoje um museu, recebeu muitos artistas e celebridades, mas também curiosos, atraídos pelo seu universo íntimo e pela relação dos dois pintores. Desde a sua inauguração, em julho de 1958, a Casa Azul já teve em exibição objetos pessoais e pinturas de Frida e de Diego, arte popular, esculturas pré-colombianas, fotografias, documentos, livros e móveis.
Prosseguindo esta narrativa, o Grand Palais Immersif de Paris inaugura, no dia 18 de setembro deste ano — para ver até dia 2 de março de 2025 —, a exposição Frida Kahlo¡Viva la Vida!. Aquela que é já considerada uma das exposições mais aguardadas de 2024 presta homenagem à mulher e artista através de um poderoso impacto sensorial que envolve o visitante através do uso de multimédia, por via de projeções de vídeo 360o, luz, música e efeitos sonoros.
Uma homenagem à mulher e à artista, a primeira pintora mexicana do século XX a ter uma obra exposta no Louvre, amiga de Pablo Picasso e exemplo de resiliência e de vida para as atuais e futuras gerações.