Considerada um dos ícones do museu mais famoso do mundo, a pirâmide do Louvre foi inaugurada a 29 de março de 1989 por François Mitterrand, então Presidente da República Francesa. A sua construção representa um ponto alto na história dos espaços museológicos.
O projeto “Grand Louvre”, anunciado em setembro de 1981 pelo Presidente francês François Mitterrand, destinava-se a ampliar o museu, conquistando a ala do palácio ocupada pelo Ministério das Finanças francês. Este grande projeto constituiu uma oportunidade para reformular o acolhimento dos visitantes e a apresentação das obras de arte. A duplicação do espaço de exposição (de 31.000 m² para mais de 60.000 m²) exigiu uma reformulação completa das entradas do museu e dos itinerários dos visitantes. O arquiteto americano Ieoh Ming Pei (Guangzhou, 1917) teve então a ideia de gizar uma entrada simplificada através de uma pirâmide de vidro de 21 metros de altura no centro da Cour Napoléon, um plano que suscitou uma grande controvérsia nos meios de comunicação social e na opinião pública — esta ousadia do arquiteto nascido em Xangai foi muito criticada por se tratar de um monumento que simbolizava a história de França. A Pirâmide, desenvolvida pelo grupo Saint-Gobain para responder às exigências de transparência exigida por leoh Ming Pei, inclui 793 fragmentos únicos, apresentados numa elegante ‘bainha’ preta, acompanhado de um certificado de autenticidade.
As escavações arqueológicas sem precedentes na Cour Napoléon e na Cour Carrée deixaram a descoberto as fundações medievais do Louvre, datadas do reinado de Filipe II. Este primeiro grande projeto de arqueologia preventiva num meio urbano levou à criação do Institut National de Recherches Archéologiques Préventives (Inrap). Atualmente, a pirâmide é considerada um dos ícones do museu mais famoso do mundo. Inaugurada a 29 de março de 1989 pelo Presidente da República francês, François Mitterrand, a Pirâmide do Louvre foi um marco na história dos museus. Quase trinta anos depois, em 2018, o Louvre atraía mais de 10 milhões de visitantes, dos quais cerca de 70% eram estrangeiros. O Grand Louvre revolucionou a experiência do visitante, facilitando a passagem de uma ala do museu para outra e oferecendo novas instalações, como uma cafetaria, uma livraria e loja de presentes e um auditório.
A pirâmide em datas
1981 – François Mitterrand anunciou no dia 26 de setembro que a ala norte do palácio do Louvre (conhecida como ala Richelieu), anteriormente ocupada pelo Ministério das Finanças, seria cedida ao Museu do Louvre.
1983 – O projeto foi confiado ao Etablissement Public du Grand Louvre (E.P.G.L.). Em julho de 1983, leoh Ming Pei foi nomeado arquiteto do novo projeto. Americano de origem chinesa, o arquiteto tinha-se notabilizado pela construção de grandes museus, nomeadamente a nova ala da National Gallery em Washington e o Museu de Belas Artes de Nova Iorque. Pei concebeu uma receção central subterrânea que dá acesso direto às três alas do Louvre, em forma de pirâmide, uma estrutura de aço e vidro que cobre um salão luminoso.
1984 – Num seminário em Arcachon, em janeiro, a direção e os conservadores do Louvre repensaram a distribuição das coleções no palácio e lançaram as bases para um restauro completo do museu. O projeto permitiu igualmente explorar o subsolo: as escavações arqueológicas revelaram os vestígios do Louvre medieval e foram desenterrados vários objetos que testemunham a vida nas imediações do palácio, caso do capacete de parada de Carlos VI. As fundações da torre de menagem e das muralhas da fortaleza de Philippe Auguste foram completamente expostas e a fachadas e os telhados da Cour Carrée foram restaurados.
1985 – A Pirâmide suscitou grande polémica na imprensa e desencadeou paixões e discussões estéticas e técnicas. Foi efetuada uma simulação em tamanho real no local. Em maio de 1985, o Presidente da Câmara de Paris, Jacques Chirac, visitou o projeto.
1987 – São iniciados os trabalhos no Pátio Napoleão, a 5 de junho.
1986-1987 – A escavação do Pátio Napoleão, com 14 metros de profundidade, começou na primavera de 1986. A Cour Carrée, completamente restaurada e repavimentada, reabriu ao público a 25 de junho de 1986. Durante todo o ano de 1987, as obras prosseguiram, estando o Ministério das Finanças ainda a ocupar aquela ala. Durante esse ano, os operários escavaram a cave da Passage Richelieu, criando um nó de ligação entre os futuros cours Marly e Puget.
1988 – O Presidente da República Francesa, François Mitterrand, efetua a sua primeira visita oficial ao local, durante a qual Ieoh Ming Pei recupera o controlo do edifício. Durante a visita, Ieoh Ming Pei foi agraciado com a Légion d’Honneur. A 14 de outubro, o Chefe de Estado inaugura oficialmente a Passage Richelieu e o Cour Napoléon.
1989 – A Pirâmide é inaugurada dia 29 de março. François Mitterrand foi o primeiro a entrar no museu, seguido por uma multidão de visitantes. O Grand Louvre coloca o público no centro da experiência de visitante, num esforço deliberado para abrir o museu a todos. Por baixo da Pirâmide, o público encontra um auditório com 420 lugares, um espaço de acolhimento para a receção de grupos (que alberga salas para oficinas pedagógicas e uma mediateca) e um espaço dedicado às exposições temporárias, o Hall Napoléon.
1989-1997 – O Vaile Richelieu é inaugurado dia 18 de novembro de 1993, duzentos anos após a abertura do museu. Pela primeira vez, o público apercebeu-se da fluidez da circulação desde a Pirâmide até às três alas: Sully, Denon e Richelieu. A redistribuição das coleções do Grand Louvre só ficou concluída em 1997, com a reabertura do Departamento de Antiguidades Egípcias, na ala Sully.
2014-2016 – A Pirâmide foi inicialmente concebida para acolher até 5 milhões de visitantes por ano. Vinte e cinco anos mais tarde, a frequência do museu é de cerca de 10 milhões de visitantes por ano e o subdimensionamento das infraestruturas de acolhimento começa a causar problemas reais: filas de espera, poluição sonora, dificuldades de orientação. O projeto Pirâmide, iniciado em junho de 2014 e concluído no verão de 2016, reconfigura o acesso e o acolhimento dos visitantes através de uma melhor organização dos espaços e dos fluxos no interior e no exterior da Pirâmide: duplicação das barreiras de acesso à entrada da Pirâmide, criação de dois balcões de informação, melhoria da sinalética, reorganização das zonas de venda de bilhetes, bengaleiro e bagagens, concentração das zonas comerciais numa única área e o desenvolvimento de uma nova aplicação móvel.