Maria Grazia Chiuri assina uma coleção baseada na sua constante interrogação, que é continuamente renovada a cada nova temporada.
“Cada vez mais, o guarda-roupa é revitalizado por uma série de peças em que a construção única, os cortes, os materiais e a criatividade têm o que é preciso para responder a todas as necessidades das mulheres”, lemos em comunicado. Por tudo isto, a nova coleção Dior é uma oportunidade de homenagear Nova Iorque — na autobiografia de Christian Dior, o capítulo dedicado à sua viagem Paris-Nova Iorque abre um diálogo entre as capitais de estilo, que é realçado por Maria Grazia Chiuri em dois padrões-chave: a Estátua da Liberdade e a Torre Eiffel, que florescem em grande formato em vários modelos.
A ponte entre as duas culturas é a Marlene Dietrich, uma atriz carismática, ligada à maison, na vida e no grande écran. Maria Grazia Chiuri inspirou-se em Dietrich para criar uma linha que funde a silhueta Dior com a presença e o encanto juvenil da diva. Os tweeds utilizados provêm diretamente de uma seleção de tecidos ingleses para a moda masculina. No seu “Petit Dictionnaire de la Mode”, Monsieur Dior escreveu: “Nos últimos anos, os tweeds alargaram a sua utilização até aos fatos de cerimónia. Considero-os extremamente elegantes. Usá-los no campo é um must. Antigamente, só era possível obter tweeds numa espessura muito encorpada, mas agora é possível obtê-los em todos as espessuras, qualidades e cores. Os fatos masculinos de Marlene Dietrich provocaram escândalo, afirmando, não esqueçamos, o direito da mulher de escolher o seu vestuário como lhe apetecer, uma gravata ou um colete, por exemplo: tantos símbolos que se completam. Os casacos são combinados com calças wide-leg ou saias lápis abaixo do joelho”.
Os vestidos delicados e por vezes muito leves, que lembram o estilo dos anos 40, deixam vislumbrar a lingerie que acaba por ser uma parte essencial do conjunto. Tecidos como o cetim martelado, o veludo flat e o crepe são reinterpretados num espírito contemporâneo. Alguns dos slip dresses revestidos em renda, muitas vezes revelados por baixo de grandes casacos forrados, são feitos em nylon acolchoado com o padrão cannage. Os bordados evocam pregadeiras e ecoam os códigos de assinatura tão importantes ao couturier fundador da maison Dior: a estrela, o lírio-do-vale, o trevo e a abelha. As golas em renda tornam-se verdadeiras peças estruturais. Quanto às malhas, um nível virtuoso de inventividade permitiu desenvolver múltiplas facetas da sua extraordinária pluralidade.
A coleção Dior Fall 2024, apresentada a 15 de abril de 2024, em Nova Iorque, personifica um leque de possibilidades que celebra o encontro de culturas. Uma conversa sobre a liberdade que dá forma e substância ao que cada mulher escolhe ser.