A Casa Ferreira foi fundada em 1751 pela família Ferreira, da Régua, produtora e comerciante de Vinhos do Porto. No século XVIII o seu negócio cresceu significativamente e investiu, sobretudo, em vinhos da mais alta qualidade, adquirindo e cuidando de algumas das principais quintas do Douro.
Com uma história com mais 270 anos e assumindo-se como a principal marca portuguesa de Vinho do Porto, a Ferreira é atualmente detida pela Sogrape, empresa familiar portuguesa conhecida pelos seus vinhos de qualidade, que vão desde o famoso Mateus Rosé ao Barca-Velha.
Com um legado pleno de valores, a Sogrape continua a reforçar o posicionamento de Ferreira como “a marca portuguesa” por excelência, a referência em Vinhos do Porto de elevada qualidade, símbolo de um país e de uma cultura que orgulhosamente dignifica. Ferreira é a única Casa de Vinho do Porto que esteve sempre em mãos portuguesas e o seu impressionante percurso contou com um importante contributo no século XIX, graças a Dona Antónia Adelaide Ferreira.
Pertencente à quarta geração da família Ferreira, do Douro, que se destacou no cultivo da vinha e na produção de Vinho do Porto, Dona Antónia era herdeira de uma grande fortuna, mas não se limitou a gerir a riqueza que detinha. Aos 33 anos de idade e após ter enviuvado, assumiu a liderança dos negócios familiares e desenvolveu aquela que viria a ser a Casa Ferreira – missão que cumpriu com raro brilhantismo, revelando uma extraordinária vocação empresarial. Dona Antónia investiu com paixão e intensidade na região do Douro, que amava, sem esperar por qualquer apoio ou proteção do Estado.
Negociadora e proprietária respeitada, soube ultrapassar as dificuldades crescentes de ser mulher num mundo essencialmente masculino, revelando estar muito à frente do seu tempo. Dona Antónia aprofundou os valores e a cultura de uma empresa familiar tradicional e, sempre aberta à inovação, esteve atenta à evolução dos desenvolvimentos no setor vitivinícola, aliando a tradição às novas técnicas de produção de vinho e até aos sistemas de condução de vinha e engarrafamento. A qualidade era, para ela, um fator primordial para a reputação da empresa. Tornou-se um verdadeiro símbolo de empreendedorismo e é hoje uma figura ímpar da história do Douro Vinhateiro. Foi esta atitude corajosa que consolidou a sua boa reputação no mundo do vinho e a tornou numa mulher emblemática, acarinhada por todos, sobretudo os seus conterrâneos.
Deixando um exemplo inestimável de bondade e cidadania, da “Ferreirinha” dizia-se que era generosa com os pobres e mais fracos, mas altiva com os mais ricos e poderosos, e que estava com a mesma naturalidade em casa dos trabalhadores mais modestos como no Palácio Real. O seu perfil humanista destacou-se num tempo particularmente difícil para o Douro e para o País, em que a praga da filoxera, destruidora de grandes vinhedos e dos sonhos de muitos agricultores arruinados, trouxe a desolação e a miséria a milhares de Durienses. Dona Antónia respondeu com firmeza na luta contra esta praga através da investigação dos processos mais evoluídos de produção de vinho, de novas grandes plantações de vinha e de aquisições avultadas de terras e de vinhos a proprietários temerosos e descapitalizados, partilhando com os mais necessitados os proventos do seu investimento em inovação. Neste campo, a sua dedicação traduziu-se, também, em dezenas de projetos que criaram muitos postos de trabalho e ajudaram a que muitas famílias garantissem o seu sustento.
Exemplo maior de altruísmo e de generosidade para com os mais necessitados, as suas preocupações sociais ultrapassaram em muito o apoio concedido às famílias dos trabalhadores das suas terras e adegas, estendendo-se a toda a região, onde contribuiu para a edificação de hospitais e outras instituições de solidariedade social. Uma das suas máximas de vida era precisamente: “Cada um na sua terra deverá fazer tudo o que seja para bem da Humanidade.” Devido ao seu caráter humanista, foram criados os Prémios Dona Antónia Adelaide Ferreira, que têm vindo a ser atribuídos desde 1988, com o propósito de reconhecer mulheres que fizeram a diferença no desenvolvimento económico, social e cultural de Portugal.
Atualmente, a Casa Ferreira, autenticamente portuguesa reconhecida pelo seu legado e contribuição para a história do Vinho do Porto e da região do Douro, tornou-se uma referência dos Vinhos do Porto e apresenta um portefólio diversificado: desde os ricos e aveludados Portos Vintage aos suaves e versáteis Tawnies.
As caves Ferreira estão situadas na margem do rio Douro, no centro histórico de Vila Nova de Gaia, num vasto e emblemático edifício que remonta ao início do século XVIII. Dentro das suas paredes, conta-se a história de Ferreira desde 1751, remontando à região do Douro e à vida e contributo de Dona Antónia Adelaide Ferreira para o setor e para os vinhos da Casa, bem como o processo de produção e envelhecimento. Já a Quinta do Porto, onde as vinhas nascem antes dos vinhos Ferreira irem para a cave envelhecer ao sabor do tempo, situa-se em Sabrosa, na sub-região do Cima Corgo. A sua área total é de 36 hectares, dos quais 24 hectares são inteiramente de vinha. A altitude varia entre os 80 e os 350 metros e as principais castas produzidas são: Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Barroca e Tinta Roriz. As vinhas são uma mistura de socalcos tradicionais, construídos de forma robusta, e de planaltos.