Com doutoramento em planeamento regional e urbano, Nuno Fazenda assumiu a pasta de Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços há cerca de um ano. E pouco depois de Portugal ver renovado o prémio de Melhor Destino da Europa na última edição dos World Travel Awards, o Secretário de Estado revela à F Luxury a importância deste e de outros prémios conquistados, ao mesmo tempo que defende um turismo sustentável que percorra o país no seu todo.
O que representa para Portugal a conquista dos últimos prémios nos World Travel Awards?
A conquista de vinte e dois prémios na última edição europeia dos World Travel Awards, considerados os Óscares do turismo, é um reconhecimento internacional à excelência do turismo português em várias dimensões. Portugal foi novamente nomeado o melhor destino europeu, destacando a excelência do turismo nacional, enquanto várias empresas, instituições e profissionais do setor, que quero saudar e felicitar, também foram premiados, celebrando o sucesso do país como um todo.
Também obtivemos prémios atribuídos pela Organização Mundial do Turismo.
Sim, Portugal também foi reconhecido pela Organização Mundial do Turismo com prémios no âmbito do Best Tourism Village, premiando Ericeira, Madalena na Ilha do Pico, Manteigas e Sortelha. Este reconhecimento internacional certifica a sustentabilidade, autenticidade e valor histórico dessas localidades, realçando a excelência do turismo no interior do país. Estes prémios são um estímulo e uma responsabilidade para continuarmos a garantir a sustentabilidade e autenticidade do destino Portugal, que nos destaca no turismo global.
Tem acompanhado o crescimento do turismo em Portugal, tem sido sustentável, temos espaço para receber mais visitantes?
Portugal tem tido um crescimento sustentável no turismo ao longo dos anos, destacando-se como um destino competitivo a nível internacional, reconhecido pela sua autenticidade e sustentabilidade. Em 2023, espera-se uma procura global de turismo entre 85% e 90%, mas Portugal já ultrapassou essas expetativas. Registámos os melhores oito meses na história do turismo e 2023 promete ser o melhor ano de sempre. O nosso objetivo é continuar a crescer com sustentabilidade e autenticidade, promovendo o turismo em todo o país durante todo o ano, enquanto garantimos o desenvolvimento sustentável dos destinos já consolidados como Algarve, Lisboa, Porto e Madeira.
O interior do país será também valorizado nesta aposta?
Sem dúvida, terá de ser mesmo, foi por isso que criámos uma Agenda do Turismo para o Interior que tem como objetivo valorizar este território, investir nas empresas, qualificar os profissionais e projetar a sua oferta. Este será um processo em constante evolução, com o qual pretendemos que o turismo no interior seja uma força motriz para o desenvolvimento e coesão territorial. Queremos que Portugal seja, no seu todo, um país visitável ao longo das quatro estações.
Os nossos arquipélagos, principalmente os Açores têm recebido mais turistas.
O arquipélago do Açores é uma das joias do turismo nacional, pela excelência do seu turismo de natureza, pela autenticidade e também pela hospitalidade, embora esta seja transversal a todo o país. Os Açores têm um papel muito importante no turismo nacional e representa um exlibris ao nível do turismo de natureza que é reconhecido internacionalmente. A Madeira é um símbolo do nosso turismo, historicamente é um destino turístico de excelência e continuará a ser no futuro, a própria tipicidade de algumas localidades e as suas festividades, bem como Porto Santo, são fatores de grande atração.
Quais os desafios que o turismo pode ou vai enfrentar?
O setor do turismo enfrenta desafios significativos, onde se inclui a necessidade de promover a coesão territorial, continuar a garantir a sustentabilidade e melhorar a qualificação e a valorização dos profissionais do setor. Temos também de inovar nas ofertas turísticas e combater a sazonalidade, promovendo o turismo durante todo o ano e em todo o país.
Quase trinta anos depois do “vá para fora cá dentro” o resultado é positivo?
O turismo interno é muito importante tanto no nosso país como nos principais destinos turísticos do mundo, como EUA, Espanha e França. Para o nosso país, desempenha um papel fundamental e Portugal tem investido neste segmento, no último ano, notamos um crescimento significativo. Estimular a procura turística interna é crucial, e é por isso que promovemos campanhas para incentivar os portugueses a explorar todos os recantos do país.
O que sentiu quando soube que ia ter a pasta do turismo?
Senti-me muito honrado pela oportunidade que me foi concedida, de poder servir o meu país num setor muito importante como é o caso do turismo do comércio e dos serviços. É também ao mesmo tempo uma grande responsabilidade para poder dar o meu melhor contributo num setor muito importante do nosso país que é o turismo.
Qual é o lugar, em Portugal que seja o ideal para si?
É uma pergunta difícil, pois Portugal oferece uma riqueza de destinos incríveis. O Algarve é um dos meus destinos favoritos para sol e mar, tenho uma relação afetiva com esta região porque parte da minha vida académica foi aqui passada. Trabalhei no Norte, por isso o Porto, Douro e Minho, são regiões que prezo muito e são belíssimas, sendo natural da Covilhã, vejo a Serra da Estrela como uma das regiões mais bonitas do país. Trabalhar em Lisboa faz-me apreciar a cidade e reconhecer que temos uma das capitais mais bonitas do mundo. No Alentejo, destaco o Alqueva com o maior lago artificial da Europa. No entanto, a minha recomendação é que os portugueses explorem as diferentes regiões, pois temos uma diversidade imensa em termos de património, cultura, natureza, gastronomia e vinhos. É difícil para mim escolher apenas um lugar.