A edição inaugural da feira de arte contemporânea focada em obras de arte digitais com base em fotografia teve lugar no Javits Center (NY), no início de setembro, e é já um dos mais importantes eventos anuais no calendário artístico de Nova Iorque.
Mais de um terço da feira é dedicado a apresentações individuais, sendo uma boa oportunidade para descobrir artistas emergentes, dando a conhecer, paralelamente, os trabalhos de forma mais aprofundada de fotógrafos de renome. Para além das obras vistas nos expositores, a PHOTOFAIRS New York apresentou uma série de projetos especiais, entre eles instalações de grande escala, um programa robusto de palestras e um prémio anual para artistas expositores, estabelecido em parceria com o 21c Museum Hotels — empresa fundada pela dupla Laura Lee Brown e Steve Wilson, colecionadores de arte contemporânea e hoje um dos maiores museus de arte contemporânea nos EUA.
“É um motivo de enorme alegria proporcionar um espaço destinado a revelar o dinamismo da criação de imagens e celebrar a fotografia, que está no centro da nossa cultura visual”, disse Helen Toomer, diretora da PHOTOFAIRS New York.
A edição de estreia da PHOTOFAIRS NY deu as boas-vindas a um grupo altamente selecionado de expositores internacionais, desde negociantes de fotografia de renome a galerias de arte contemporânea interdisciplinares e organizações na vanguarda das tecnologias emergentes.
Para além das exposições temáticas e coletivas, mais de um terço do certame foi dedicado às apresentações individuais de artistas. Os destaques incluem: Fotografias, gravuras e trabalhos em vídeo de Adama Delphine Fawundu, artista residente em Nova Iorque, cuja prática explora temas de indigenização e memória ancestral; os trabalhos do artista ganês Caleb Kwarteng Prah, da Nil Gallery, que mistura fotografia de rua e arquivos pessoais para retratar o Gana contemporâneo; imagens nunca antes vistas da série Once in Harlem de Katsu Naito, expostas na The Fridge; uma apresentação física e digital pela Praise Shadows Gallery do projeto de longa duração Ötzi de Nicole Wilson, uma foto-documentação de práticas de tatuagem antigas e contemporâneas; as fotografias encenadas da dupla Elliot & Erick Jiménez que personificam divindades e santos no sincretismo iorubá e católico, apresentadas pela Spinello Projects; a seleção de fotografias e instalações de Maleonn, incluindo o tributo do artista à obra-prima do pintor Jheronimus Bosch, do século XV, The Garden of Earthly Delights, na Shun Art Gallery; e a apresentação pela Momentum de paisagens cinematográficas da última série do artista norueguês Ole Marius Joergensen, que explora os mistérios da vida rural.
Muitas das apresentações desta edição destacam o trabalho de artistas que examinam a arte e a materialidade da fotografia e as suas interseções entre meios e disciplinas, desde o desenho e a pintura até às técnicas de fibra e colagem. Os destaques incluem: A nova série Golden Age da artista de Brooklyn, Delphine Diallo, revelada na Fisheye Gallery, que combina retrato e colagem para dar nova vida a objetos de culto africanos ou a Galeria Robert Mann cujos artistas, como Cig Harvey, Jane Waggoner Deschner e Ana Teresa Barboza, se baseiam em práticas que combinam a fotografia com várias técnicas históricas de fibra.
A visão alargada do PHOTOFAIRS New York sobre a produção de imagens inclui explorações de novos meios de comunicação e tecnologias emergentes, bem como projetos digitais que envolvem o público virtualmente. The Path, uma exposição organizada pela Postmasters Gallery, por exemplo, apresentou fotografias e vídeos de Kenny Dunkan.
Os expositores foram escolhidos pelo conceituado Comité de Seleção da feira: Sebastián Alderete (ROLF ART, Buenos Aires); Amanda Coulson (TERN Gallery, Nassau); Nicholas Fahey (Fahey/Klein Gallery, Los Angeles) e Putri Tan (Gagosian, Nova Iorque e 19 cidades em todo o mundo), em colaboração com Helen Toomer.
Projetos especiais e programa
Em paralelo e como complemento às apresentações dos stands, foram vários os projetos especiais, dos parceiros da feira, que tiverem lugar em Setembro, na big apple. O Fotografiska Museum NYC apresentou uma instalação especial de retratos recentes da artista americana Cara Romero; Baxter St, no Camera Club of New York apresentou um projeto de uma ex-aluna do seu Programa de Curadoria, Emma Safir; o coletivo de artistas For Freedoms apresentou trabalhos fotográficos de um grupo dos seus Fellows; e a Jamaica Art Society esteve presente com Memories Don’t Leave Like People Do, uma exposição de trabalhos em vídeo comissariada pela fundadora Tiana Webb Evans, que incluiu trabalhos dos artistas Simon Benjamin, Zachary Fabri, Ania Freer, Timothy Yanick Hunter e Jamilah Sabur.
Paralelamente, artistas e instalações dinamizaram o amplo espaço da feira, caso do projeto interativo especial RGB Lights Mirror do artista e programador informático Daniel Rozin, apresentado pela bitforms, que celebra a espécie do pombo-passageiro pela mão da Galeria Robert Mann de Sayler/Morris’ Eclipse; da Jackson Fine Art, com The Mind-Baby Problem, uma apresentação escultural da exploração crua e íntima da ligação entre mãe e recém-nascido da fotógrafa Tabitha Soren; ou da Rolf Art Gallery, que introduziu Uprising de Andrés Denegri, uma instalação de grande escala que funde imagens fotoquímicas, tiras de filme e projetores de filme com os respetivos ambientes sonoros para se assemelhar a uma grande máquina cinética.
Acquisition Prize
A primeira edição da feira marca também o lançamento do 21c Acquisition Prize, um prémio anual criado em parceria com a 21c e atribuído pelos seus cofundadores, Laura Lee Brown e Steve Wilson. O primeiro 21c Acquisition Prize foi atribuído à obra Aware so (2023), do artista ganês Caleb Kwarteng Prah, um retrato fotográfico apresentado pela Nil Gallery, enquadrado no estilo caraterístico de Prah, um “Trotro”, os miniautocarros utilizados para transporte no Gana; Baltic Blue (2023), de Lucia Engstrom, pela mão da Von Lintel Gallery, que combina fotografia de paisagem com técnicas de bordado à mão; e Modern Prometheus II (2023), de Emma Safir, uma obra de grande escala em estanho que remete para os primeiros tipos de estanho e atua como uma lente que se desloca e ilumina quando ativada por fotografia com flash.
Sobre a PHOTOFAIRS
Trata-se de uma marca de feiras de arte de alta qualidade com especial destaque para as obras fotográficas e digitais; lançada pela primeira vez em Xangai em 2014, coube agora a vez à edição de Nova Iorque (2023). Apresentada no seio do maior e mais dinâmico mercado global de arte e fotografia, em sintonia com a energia e a vibração da cena local, a PHOTOFAIRS New York dá a conhecer uma visão de vanguarda da cultura visual. Esta edição foi organizada pela reputada Creo, fundada em 2007 como World Photography Organization, e hoje os seus principais projetos incluem os Sony World Photography Awards, Sony Future Filmmaker Awards, PHOTOFAIRS Shanghai, Photo London e PHOTOFAIRS New York.
Por: Isabel Figueiredo