A Rolex dá continuidade ao legado do seu fundador, Hans Wilsdorf, ao apoiar exploradores que se aventuram no desconhecido e se esforçam para promover uma missão que nos afeta a todos: tornar o planeta perpétuo. Nesse sentido, a marca relojoeira lançou em 2019 a iniciativa Perpetual Planet. Uma das vertentes deste projeto é o programa de exploração subaquática Under The Pole.
O programa Under The Pole visa explorar as águas geladas do oceano Ártico para estudar os pequenos ecossistemas ricos em biodiversidade designados por florestas de animais marinhos e, simultaneamente, sensibilizar o público para os mesmos, uma vez que a biodiversidade do Ártico está entre as mais ameaçadas do nosso planeta. Especialmente porque o aquecimento devido à emissão de gases de efeito estufa está a fazer-se sentir mais rapidamente no Ártico do que em qualquer outro lugar do mundo. Na realidade, o gelo marinho flutuante que cobre grande parte deste oceano reduziu-se para metade nos últimos quarenta anos.
Foi neste lamentável contexto que, em fevereiro passado, teve lugar uma expedição a Svalbard, um arquipélago no mar Ártico pertencente à Noruega, e que se tornou a primeira atividade do programa Under The Pole, inserido no projeto Deeplife 2021-2030. A sua missão era a de encontrar e pesquisar florestas de animais marinhos para ajudar a aumentar a consciencialização sobre estes frágeis ecossistemas e encontrar pistas sobre como protegê-los. Tal tarefa não foi fácil, pois durante a primeira série de mergulhos, a equipa enfrentou alguns problemas, mas no mergulho final da série encontraram a primeira floresta de animais marinhos do Ártico, entre 50 e 80 metros de profundidade, formada por hidroides: animais marinhos aparentados com alforrecas e corais que lembram sinos, flores e fetos ou samambaias.
Entre 30 e 200 metros de profundidade, na zona mesofótica, o oceano recebe pouca luz. E neste mundo crepuscular, organismos vivos, incluindo algas que dependem da luz solar, não conseguem sobreviver. Por isso, o ecossistema é dominado por animais como corais, gorgónias (corais moles) e esponjas que se ancoram nas rochas. As condições dentro destas florestas de águas profundas são mais estáveis do que em águas abertas e têm o potencial de formar importantes refúgios para a vida subaquática, embora raramente sejam incluídas em áreas marinhas protegidas. E, ao contrário das suas contrapartes terrestres, muitas florestas submarinas permanecem desconhecidas e incompreendidas.
“Essas florestas subaquáticas são exatamente como as que temos na superfície, em terra”, afirma Ghislain Bardout, codiretor do projeto Under The Pole. “São estruturas tridimensionais que albergam vida, muitas das quais permanecem desconhecidas.” Bardout liderou uma equipa de mergulhadores e cientistas que navegaram nas águas geladas (abaixo de -30 °C) de Spitsbergen, a maior ilha de Svalbard, na costa norte da Noruega. Para Emmanuelle Périé-Bardout, codirectora do programa Under The Pole, afirma “é muito emocionante pensar que encontrámos a primeira floresta animal subaquática. Vamos poder voltar e perceber como evolui, o que é extremamente importante para a ciência. Se formos bem-sucedidos em mostrar estas florestas ao mundo, e se elas acabarem por ser protegidas, será a nossa maior realização”.
Além das diferentes espécies que viviam nesta floresta, os investigadores puderam recolher dados ambientais, como o nível de temperatura, para descobrir as condições que favorecem a formação desses ecossistemas. “O conhecimento que adquirimos é fundamental porque traz esperança e dá à Humanidade uma oportunidade de mudar os seus comportamentos”, explica Ghislain Bardout. O programa Deeplife será executado pelo resto desta década, com o objetivo final de ter um mundo onde tais florestas sejam protegidas.
De facto, o projeto Under The Pole veio mudar um pouco o paradigma. Com uma equipa de mergulhadores experientes e cientistas marinhos, as suas expedições têm-nos levado ao redor do mundo, onde já fizeram descobertas científicas pioneiras, o que fez aumentar a consciencialização sobre ecossistemas marinhos negligenciados, tendo ultrapassado os limites da tecnologia de mergulho profundo.
Com o apoio da iniciativa Perpetual Planet, o programa lançou a série de expedições Under The Pole – Deeplife 2021-2030, que visa documentar as florestas de animais marinhos em cada um dos oceanos do planeta – ajudando ainda mais a nossa compreensão desses oceanos profundos e a melhor forma de os proteger. Esta última descoberta representa um avanço importante na ciência marinha do Ártico, onde a biodiversidade nesta profundidade tem sido um mistério. Os mergulhadores desenvolveram o seu programa de pesquisa, registando as espécies que habitam a floresta e recolheram dados ambientais como a temperatura. Este conhecimento é partilhado com um consórcio internacional de cientistas para ajudar a definir a importância deste raro habitat ártico como centro de biodiversidade e fazer campanha para a sua proteção.
Sem as extensas credenciais de exploração do projeto Under The Pole, explorar estas florestas de animais marinhos seria um desafio muito maior. Mas, ao enfrentar as águas implacáveis de Svalbard e fazer esta descoberta improvável, Under The Pole deu aos seus colaboradores científicos uma oportunidade muito maior de progredir no conhecimento e compreensão.