Uma das formas de arte mais dinâmicas, a escultura acompanha-nos desde tempos imemoriais. Convidamo-lo a (re)descobrir obras com um valor artístico e histórico único para os historiadores da arte e público em geral, verdadeiros ícones facilmente reconhecíveis.
Parte crítica da sociedade há séculos, as esculturas oferecem interpretações sobre cultura e história da Antiguidade. Tendo resistido ao teste do tempo, trata-se de uma série de obras que qualquer museu gostaria de ter no seu acervo. O que representam, a técnica fascinante com que foram criadas ou o seu impacto no curso da história são apenas algumas das virtudes que contribuíram para que se tornassem as esculturas mais representativas do mundo. Entre as mais famosas dessas obras de arte, está a estátua de David, do artista renascentista Michelangelo, ou a escultura moderna O Pensador, criada pelo francês Auguste Rodin. Seja por terem captado a imaginação global ou por também serem inovadoras e belas, aqui sugerimos algumas das esculturas mais notáveis do mundo.
“O Pensador”, de Rodin
Uma obra escultórica que penetrou profundamente tanto na história da arte quanto na cultura popular, na qual se tornou um ícone. Auguste Rodin (França, 1840-1917), trabalhou nesta escultura em bronze em 1882 e criou instantaneamente um símbolo de contemplação e introspeção. A grande façanha do escultor foi conseguir que a abstração inerente ao ato de pensar se concretizasse de forma física com uma expressividade majestosa. Sentado, com o queixo apoiado na mão, parece que todo o corpo da figura está a pensar. Cada parte corporal reflete a concentração num pensamento que atinge um significado transcendental e filosófico. O Pensador está atualmente exposto no Museu Rodin, em França.
“David”, de Michelangelo
A escultura renascentista em mármore branco de Michelangelo Buonarrotti (Itália, 1475-1564), conhecida como David, tem de estar incluída na lista por ser uma das mais populares da história da arte. Em 1501, com apenas 26 anos, o escultor começou a trabalhar nesta obra escultórica, tarefa que lhe levaria quatro anos. A escultura, que mede pouco mais de cinco metros de altura e pesa mais de cinco toneladas, retrata David – o herói bíblico – pouco antes da sua famosa batalha com Golias. A figura é também uma representação do ideal de beleza masculino. Musculoso e ereto, a nudez da sua figura simbolizava a conexão com a Natureza. A obra surpreendeu na altura, pois era incompreensível imaginar como tal detalhe e precisão poderiam ser obtidos com um cinzel. A escultura está atualmente exposta em Florença, Itália (Galleria Dell Accademia).
“Vénus de Milo”
Cabelo preso, torso nu que termina num vestido que cobre a parte inferior do corpo e dois braços que se perderam. Essa falha é o que a torna imediatamente reconhecível. É uma das esculturas mais representativas da Antiguidade clássica, mas de autor de origem desconhecida, embora boa parte dos historiadores atribua a sua criação a Alexandre de Antioquia (100 a.C.). A escultura é uma representação da deusa da beleza, amor e fertilidade, conhecida como Vénus, para os romanos, e Afrodite, para os gregos. Também conhecida como Afrodite de Milos, Vénus de Milo é talvez a obra mais famosa da escultura grega antiga. Tem sido amplamente referenciada na cultura popular e influenciou muito os artistas modernos, incluindo Salvador Dalí. A escultura possui 202 cm de altura e foi descoberta em Milos, na Grécia, em 1820, tendo sido levada para o Museu do Louvre, em Paris, onde se encontra até hoje.
“A Vitória de Samotrácia”
Pertencente ao período helenístico, foi criada por volta do ano 190 a.C. De autoria desconhecida, destaca-se como uma das obras de arte mais visitadas e populares do Museu do Louvre, França, onde permanece atualmente. Esta escultura em mármore branco da ilha de Paros, na Grécia antiga, Niké (Nice em português) representa a deusa mensageira enviada por Zeus para anunciar o triunfo e a glória aos vencedores dos campos de batalhas militares e competições desportivas. Com quase três metros de altura, impondo-se a todos que a contemplam, tornou-se popular e reconhecível por, tal como acontece com Vénus de Milo, lhe faltar um elemento importante: a cabeça.
“O Rapto de Prosérpina”, de Bernini
Nenhuma outra obra barroca consegue representar o movimento como O Rapto de Prosérpina, de Gian Lorenzo Bernini (Itália, 1598-1680). Nesta escultura de 1622, o italiano captou um momento crucial na mitologia grega, quando Hades, deus do inferno, sequestra Prosérpina, filha de Deméter e Zeus, um evento que desencadearia a criação das estações. De maneira teatral, Bernini executa com destreza, combinando com a fidelidade dos traços humanos, dos dedos ao semblante das personagens, envolvendo-nos na cena. De facto, esta escultura possui uma vivacidade surpreendente tanto pelas expressões faciais quanto pelos tecidos que envolvem as personagens; tudo parece muito tangível. O trabalho anatómico, em posição de corpos tensos e torcidos, é surpreendente. Um dinamismo que se percebe em cada detalhe e que nos deixa deslumbrados.
“A Pietà”, de Michelangelo
Esta é mais uma escultura famosa de Michelangelo. Datada de 1499, é uma das obras escultóricas mais excecionais da história da arte, uma vez que para a maioria representa o auge da escultura. É a representação de uma passagem religiosa, especificamente o momento em que a Virgem Maria segura o corpo do seu filho Jesus após descer da cruz. Contudo, não se trata de uma Pietà como as outras, que costumavam mergulhar no sofrimento, pelo contrário. Michelangelo esculpiu uma Virgem Maria com um rosto belo e rejuvenescido, com uma expressão imaculada e divina. O seu virtuosismo técnico é impressionante: o jogo de luz e sombra, a anatomia, a harmonia e a complexidade da composição. O resultado suscitou a total admiração de historiadores e artistas durante séculos. E o que mais sobressai é o incrível trabalho das dobras do pano da Virgem Maria. Esta escultura em mármore atualmente está localizada na Basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano.