Movida por mais de vinte anos a trabalhar no sector do imobiliário, Patrícia Coelho criou a Rondinart, uma marca de mobiliário direcionada para o segmento premium com um design exclusivo onde cada peça revela leveza e singularidade. Apesar de se destacar no segmento de luxo, são os detalhes e as peças manufaturadas que revelam a autenticidade do seu trabalho, que em breve estará também exposto nas feiras internacionais da especialidade.
Como define o conceito e o objetivo da sua marca?
A Rondinart é uma marca de mobiliário premium. Foi criada por mim no final de dezembro de 2022. O objetivo maior é criar peças personalizadas e também de acordo com a necessidade do cliente. O conceito, ou a conceção de fundo, é conceber peças de decoração com design contemporâneo e dar-lhes um toque singular através de texturas, madeiras, pedras naturais, tecidos e lãs. Acredito que cada peça vai acrescentar vida, carácter e personalidade aos lares ou espaços comerciais.
Como acontece a vontade de criar peças de mobiliário?
Trabalho há mais de vinte anos no sector da construção e imobiliário, e a criação destas peças não é um sonho antigo. É muito recente e surge da necessidade que senti, ao longo dos anos, sempre que precisei de criar peças para casas específicas, fosse pela sua dimensão ou pela função que desejava que tivessem. Em todas as casas que fiz fui deixando uma peça da minha autoria. Não tenho qualquer formação, mas sou apaixonada pelo design, sigo designers de todo o mundo. Foi assim que fui idealizando as peças. Faço os desenhos, e um dos meus filhos, que é formado em Arquitetura, passa tudo para programas adequados, resultando em desenhos técnicos. Depois acompanho a peça, quase desde o corte da madeira ou pedra até estar pronta e como idealizei.
Para algumas das peças realizou parcerias. Como aconteceu com esta iniciativa?
Para este projeto convidei o João Bruno Videira, um artista bastante conceituado que trabalha a lã de Arraiolos, fio a fio, de forma original. Nasceu assim o encosto da cadeira Rondina, a peça principal desta coleção. Com o burel, tecido artesanal feito de lã dos ovinos da serra da Estrela, foi a mesma situação. Quis mostrar que podemos dar uma utilização diferente a estes materiais ancestrais que em tempos serviam só para tapeçarias e capotes dos pastores. É muito interessante criar peças com design contemporâneo que se vestem de artes e produtos com uma história riquíssima.
Qual o segmento mais adequado à sua marca e porquê?
As peças são direcionadas ao segmento premium devido ao custo da mão de obra, toda artesanal. As cadeiras são feitas por marceneiros com especialidade de cadeireiros. Para tal fiz uma pesquisa muito grande, no norte do país, para encontrar os melhores nesta arte. Depois de consultar vários, desde os que produzem em grande quantidade até aos mais pequenos, achei que o meu produto se identificava com os que produzem em pequena escala; são mais pacientes com detalhes e pormenores.
Quais são as coleções e peças que vão ser comercializadas?
Vou ter as duas cadeiras Rondina, duas mesas de apoio que são feitas com os pés em burel e uma mesa de jantar redonda, também com pés em burel e tampo de pedra, daí chamar-se Serra Table. E uma outra coleção, inspirada na técnica que os famosos designers brasileiros Irmãos Campana utilizaram na poltrona Favela; nesta tenho um espelho de grandes dimensões e uma mesa com um pé que parece uma pilha de pauzinhos, com tampo de pedra descentrado, e um móvel bar. Tudo é criado e produzido com pedacinhos de madeira encaixados. As peças têm o nome Campana porque foi a eles que fui buscar inspiração. Tenho também a Brick Table, que é um pouco a minha história na construção, bastante flexível, dando para criar várias formas, através de um pé grande redondo ou dois pequenos. Até ao final deste ano, estão projetadas as cadeiras de mesa, mais uma de lounge e um banco de bar, tudo desta coleção.
Como se podem adquirir as peças?
Será sempre através de mim ou das redes sociais da Rondinart. Está a ser projetado um site onde será tudo explicado e também haverá um filme de apresentação da marca, onde será mais fácil perceber os processos de criação. Estou a planear expor nas maiores feiras internacionais da especialidade como Milão e Paris, e quero muito chegar ao Dubai. O meu objetivo é quebrar o paradigma de que o luxo tem de ter dourados e veludos, nada disso; o luxo está na qualidade e na diferença. Luxo é a autenticidade dos materiais, das técnicas e do design.
Como surgiu a ideia da exposição no edifício do Teatro Tivoli, algo invulgar neste sector?
A exposição de apresentação das peças foi, tal como a proposta da Rondinart, misturar artes com contemporaneidade. Mais tarde, pretendo criar eventos onde as peças vivam com a arte da escultura, da pintura, da fotografia, da música e da gastronomia, quero trabalhar em conjunto com outros ofícios. A apresentação foi no Teatro Tivoli porque é um edifício emblemático e do qual gosto muito, foi também uma mistura de artes porque contou com um músico, o João Ventura, e teve dois bailarinos a fazer a revelação das peças, uma a uma.
Como se sente neste momento?
Não consigo descrever. Até chegar aqui foi um processo muito solitário, não consultei ninguém, não queria poluir nada do que tinha idealizado. Passei para o papel as primeiras peças exatamente como as visualizei em pensamento, deixei-as estar, como que em banho-maria, até à fase do desenho técnico. Depois, acompanhei a produção muito ansiosa, porque uma coisa é o desenho e outra é a peça física. Mas estou muito feliz com o resultado final e estou muito confiante com a minha Rondinart.