Os museus são lugares únicos onde quer que existam. Contudo, há museus diferentes pelo mundo que valem uma visita mais descontraída. Não se trata de museus comuns, mas antes de museus ao ar livre que propõem experiências imersivas entre esculturas e instalações artísticas. Lugares impressionantes que misturam arte e Natureza, obras vibrantes e, claro, ar puro. Os museus ao ar livre são ainda mais envolventes: nós, enquanto público, estamos dentro e cercados pelo museu e pelo seu conteúdo. São lugares onde as paisagens coabitam com as peças para criar um ambiente relaxante. Atente à nossa seleção dos mais incríveis museus ao ar livre pelo mundo e, quando puder, visite-os.
Quinta da Regaleira, Portugal
A Quinta da Regaleira é um lugar misterioso em Sintra, Portugal. O espaço foi mandado construir no início do século XX pelo milionário António Carvalho Monteiro, e o edifício é um exemplo do estilo romântico revivalista que junta elementos góticos, manuelinos, medievais, clássicos e renascentistas, mas também muita simbologia esotérica, projeto do virtuoso arquiteto-cenógrafo Luigi Manini.
Trata-se de um museu a céu aberto que é um expoente ao mais alto nível do romantismo e um caso único e excecional ao nível não só dos jardins do mundo, como da fusão entre a arquitetura e a paisagem. Embora três dos momentos imperdíveis da Quinta da Regaleira sejam o palácio, a capela e o poço iniciático, com a sua icónica escadaria em espiral, há muito mais para se ver, bem como experienciar toda a riqueza deste lugar, ao qual não se pode ficar indiferente. Além disso, há um espaço dedicado a esculturas, o Patamar dos Deuses, que é composto por nove estátuas de deuses greco-romanos, uma inspiração da mitologia grega situada nos seus jardins: Fortuna, Orfeu, Vénus, Flora, Ceres, Pã, Dionísio, Vulcano e Hermes. Uma vez aqui, num cenário algo surreal, percebemos como a arte escultórica, a arquitetura e a Natureza coabitam de forma harmoniosa.
Château La Coste, França
Entre bosques e vinhas, reside este pedaço bucólico e adorável da região da Provença. Uma propriedade de 200 hectares (de entre os quais, 130 de videiras), pertencente ao investidor e hoteleiro irlandês Paddy McKillen, que sugere um passeio imperdível: La promenade Art & Architecture. Duas horas de passeio ao longo de trilhos batidos, onde se descobrem obras e instalações de artistas contemporâneos convidados a exercer a sua arte no local. Aqui, um restaurante, um hotel de luxo e uma simpática loja com garrafas da vinícola francesa dividem espaço com mais de vinte pavilhões de arte e esculturas de artistas emblemáticos, como uma imensa aranha criada pela artista francesa Louise Bourgeois ou a cruz vermelha em cristal de Murano concebida por Michel Othonel. Este domínio vinícola do Château La Coste possui, em especial, uma mistura de arte contemporânea, arquitetura e cultura do vinho. Ótimo para os sentidos da visão e do paladar.
Em evidência, outras surpresas vão surgindo ao longo da caminhada: um sino de vibrações (Meditation Bell, de Paul Matisse, 2012), os pórticos de aço de Richard Serra, (2008) ou os eletromagnéticos de Tunga (2011). Atrás de um arbusto, um pavilhão cúbico monolítico, em cimento bruto e vidro com piscinas refletivas imaginado por Tadao Ando, bem como uma casa de divisórias metálicas multicoloridas de Liam Gillick. Há ainda uma adega de dez metros de altura em alumínio brilhante projetada por Jean Nouvel e o pavilhão de música abstrato de Frank Gehry. São várias as referências artísticas e arquitetónicas associadas à Natureza tão selvagem do interior provençal.
Parque das Esculturas, Dinamarca
Localizado no Louisiana Museum, na Dinamarca, o Parque das Esculturas é um exemplo perfeito de como a arte pode complementar a Natureza. Existem cerca de sessenta esculturas magníficas espalhadas pelo parque, situado ao longo das margens do estreito de Oresund, que se misturam perfeita e harmoniosamente com a paisagem. Criadas por artistas como Miró, Calder e Henry Moore, entre tantos outros, cada escultura permite apreciar a sua beleza enquanto se passeia pelo parque. À medida que se explora o mesmo, há que ter atenção às salas modernistas no jardim, as quais, por vezes, escondem algumas das esculturas. Mas, sem dúvida, a localização única do parque amplifica o seu charme, pois mostra a força das obras de arte que são constantemente testadas pela Natureza. Há mini-tours que proporcionam uma visão panorâmica dos vários cenários, mas também é possível descarregar um guia móvel para um smartphone e partir livremente, ao som das histórias por trás das esculturas do parque. Uma vez ali, o Louisiana Museum também merece a visita. Embora entre quatro paredes, abriga uma coleção cada vez maior de cerca de 3500 obras de arte moderna, abrangendo o período de 1945 até hoje.
Instituto Inhotim, Brasil
O Instituto Inhotim é um museu de arte e jardim botânico, o maior centro de arte ao ar livre da América Latina, com algumas das mais importantes peças da arte contemporânea e moderna brasileira. Situado em Brumadinho, Minas Gerais, foi concebido entre a Mata Atlântica e o Cerrado, onde surgem aninhadas galerias de artistas, esculturas e instalações dos maiores nomes da arte brasileira e internacional, com um total de setecentas peças de arte diferentes expostas que os visitantes podem apreciar. Ali, obras de Hélio Oiticica e Lygia Pape estão instaladas no meio de um jardim botânico com mais de quatro mil espécies oriundas de todas as partes do mundo. Ou seja, os vários tipos de plantas e flores também são obras de arte em si. E o passeio é sempre uma mescla de arte e Natureza, estando as duas interligadas. Uma vez ali, percorra as mais de vinte galerias de arte localizadas no meio de belíssimos jardins, cujos edifícios das galerias também devem ser, por si só, alvo de visita, pois são belas obras de arquitetura, com destaque para as galerias Claudia Andujar, True Rouge e Psicoativa Tunga, com instalações perturbadoras, e a galeria de Adriana Varejão, uma das mais impressionantes. Cada uma com projetos arquitetónicos diferentes, são belos cenários rodeados de verde. Diz-se que quem visita a imensidão dos 140 hectares de Inhotim não sai de lá a mesma pessoa, pois, ao chegarmos a este museu ao ar livre, sentimo-nos como se tivéssemos sido transportados para outro planeta. Misturando arte e Natureza de forma tão expansiva, Inhotim é uma experiência única para qualquer viajante.
Hakone Open-Air Museum, Japão
Na Terra do Sol Nascente também é possível caminhar ao ar livre e apreciar arte. Existem poucos lugares que possam apresentar arte, Natureza e arquitetura melhor do que o Hanoke. Este museu a céu aberto, rodeado por sakuras, as conhecidas cerejeiras japonesas, e que se estende por setenta mil metros quadrados, possui várias peças que pontilham os seus jardins, complementando na perfeição o céu azul e a paisagem circundante. Possui uma vasta gama de 120 esculturas espalhadas pelo terreno, incluindo obras de escultores do Japão e do estrangeiro. É aqui que se encontra a Escultura Sinfónica, uma estrutura em forma de torre onde é possível entrar e subir pela escadaria, onde se avistam vitrais, até ao miradouro, que permite contemplar o esplendor das montanhas circundantes e de todo o parque. Existem várias exposições internas no Hakone Open-Air Museum, uma das quais é uma exposição de Picasso de classe mundial, no Pavilhão Picasso. A coleção inclui 319 obras deste pintor espanhol, incluindo pinturas a óleo, gravuras, esculturas, cerâmicas e objetos em ouro. Embora apenas um certo número de peças esteja exposto permanentemente, é possível ter uma visão íntima do trabalho do famoso artista. Existem enormes estruturas semelhantes a pavilhões feitas por artistas que apresentam peças contemporâneas e modernas ao mesmo tempo que fazem uma ode à Natureza. Explorar este museu ao ar livre, onde a arte e a Natureza se fundem, é um deleite.