É uma das mais míticas casas de luxo francesas! Situada, em Paris, na Place Vendôme, a meca da alta-joalharia, a Van Cleef & Arpels reúne nos seus ateliers diamantes de rara qualidade e pedras de cor de exceção. O seu savor-faire encantou e continua a encantar estrelas de cinema e cabeças coroadas em todo o mundo. Mesdames et monssieurs eis uma história de beleza com 117 anos
A rainha Camilla adora os seus brincos de madrepérola e uma discreta pulseira com turquesas com trevos-de-quatro-folhas. Kate, a nova princesa de Gales, tem um conjunto de brincos e colar também em madrepérola e trevos-de-quatro-folhas. A princesa Carolina do Mónaco e Charlotte Casiraghi herdaram o gosto por estas discretas joias de Grace Kelly, uma das pioneiras a usar os longos colares com os trevos. A célebre cantora francesa Françoise Hardy era outra das apaixonadas pelas joias Alhambra. Afinal do que estamos a falar? Da coleção Alhambra, uma das mais conhecidas em todo o mundo e que nasceu, na década de 1960, nos ateliers da Van Cleef & Arpels, sendo um amuleto de sorte. Mas comecemos pelo início da história.
Uma love story
A história da Van Cleef & Arpels começa, no século XIX, com um casamento. Alfred apaixona-se por Estelle e decidem casar-se em 1895. Alfred tem o apelido Van Cleef e Estelle chama-se Arpels.
É esta união que dá origem à junção destes dois nomes, que, em França e em todo o planeta, é sinónimo de luxo, requinte e exclusividade. Mas o que é que este casal tem que ver com o mundo das joias? Estelle é filha de um negociante de pedras preciosas e Alfred é filho de um lapidador de diamantes. Os Van Cleef são oriundos de Amesterdão, no atual reino dos Países Baixos, e os Arpels vieram de Gante, na Bélgica. Ambas as famílias mudam-se para a capital francês nos anos de 1860.
Alfred aprendeu o gosto pela joalharia com o pai, vendedor de joias. Torna-se lapidador e tem o desejo de tornar este negócio mais comercial. Decide, então, ser vendedor e criador de peças de joalharia, até que se junta, na Rua Drouot, no mesmo edifício que o seu futuro sogro, a Léon Salomon Arpels, também ele vendedor de joias. Compreende-se como esta proximidade proporcionou uma relação mais próxima entre Alfred e Estelle.
A beleza das criações e uma clientela endinheirada permitem que o negócio floresça. Em 1906, o casal e os irmãos de Estelle, Charles, Julien e Louis, decidem criar um negócio mais robusto e estão decididos a vencer neste mundo que envolve grandes quantias de dinheiro. É então que nasce a empresa Van Cleef & Arpels. A primeira peça vendida foi um coração de diamantes.
22, Place Vendôme
Visionários, os sócios escolhem a Place Vendôme, que se tornaria, com o tempo, a meca da joalharia mundial. A Casa fica no número 22, com vista privilegiada para o Hotel Ritz. Trata-se do antigo Hôtel de Ségur, o palácio da família Ségur, de uma beleza arquitetónica imponente. É nesta praça que já está instalada, desde 1893, a joalharia Boucheron e para a qual se mudaria, depois da Van Cleef & Arpels, em 1907, a Chaumet. Seguir-se-á, depois do fim da Primeira Guerra Mundial, a Maubossin e, hoje, lá estão a Chanel, a Dior, a Louis Vuitton, a Piaget, a Fred, mas também a Bulgari e a Rolex, por exemplo.
A praça, de desenho octogonal, foi projetada por Jules Hardouin-Mansart, em 1699, e vizinha da Rue de la Paix onde está a Cartier, é embelezada com a coluna de Napoleão, um memorial da guerra, para comemorar a vitória do imperador francês em Austerlitz e que mede mais de 40 metros e foi feita com placas de bronze dos canhões fundidos dos russos e dos austríacos. Até hoje, a Van Cleef & Arpels nunca abandonou a casa-mãe, mas abriu várias lojas pelo mundo fora, inclusive em Lisboa, onde tem uma boutique em plena Avenida da Liberdade.
Negócio familiar
A reputação das criações Van Cleef & Arpels começa a fazer sentir-se de forma muito vincada, numa clientela tão rica quanto ostensiva. Sabendo que a sua afirmação como grupo passava pelas peças que detinha, a aristocracia escolhe, cada vez mais, este destino para as suas encomendas. Mas não é a única…. Desejosa de mostrar e de ser vista, a alta burguesia quer ser conotada com o luxo e com o mundo exclusivo e muito restrito das pedras preciosas e também começa a bater à porta número 22.
Os três irmãos de Estelle Arpels são decisivos para o futuro do negócio familiar. Charles, que se tinha distinguido como broker de diamantes, chama para si as questões do negócio. Julien fica encarregue da seleção de pedras e dos contactos no exterior, e Louis é considerado um “génio do marketing”.
A experiência de Alfred Van Cleef como talhador de gemas e a sua vocação de vendedor foram contributos importantes para o seu lado criativo, sempre apoiado pela mulher, pois Estelle era boa para as contas e supervisionava a gestão. A todos eles se deve o sucesso da Casa.
Os tempos corriam de feição e até 1913 já havia lojas na Cote d’Azur, em Deauville e Vichy, onde existiam “colónias” de ricos ora em férias ora em tratamentos termais. A guerra, que começou em 1914, veio acabar com este lado expansionista, mas a história estava ainda no início.
Grande prémio
Terminada a Primeira Grande Guerra, nos anos 20 do século XX começa uma nova era. As janelas da Casa abrem-se para a rua. Em 1922, os marajás de Kapurthala tornam-se seus clientes, assim como outros nomes sonantes, como a riquíssima Daisy Fellows. Uns e outros ficam impressionados com a delicadeza do trabalho dos metais nobres e das pedras preciosas. Uma laçada de renda de diamantes aproxima o espírito couture das joias. Os temas egípcios, influenciados pela descoberta de Tutankamon, em 1922, ganham realce, assim como um gosto pelo exotismo, evidente nos temas japoneses e em chinoiseries. Em todas as criações, simétricas ou assimétricas, a luz, o brilho das pedras, já para não falar na beleza do detalhe, impressionam especialistas e amadores.
Em 1925, a Van Cleef & Arpels participa na Exposição Internacional das Artes Decorativas e Indústrias Modernas, em Paris, e, entre trinta outras casas, o grand prix é seu. O júri ficou rendido à pulseira de rosas brancas e vermelhas com folhas verdes e, obviamente, as cores eram relativas aos diamantes, rubis e esmeraldas. Se dúvidas houvesse, este grande prémio só veio dar mais projeção e reconhecimento à marca.
Renée e René
Na década seguinte, entra a segunda geração da família para o negócio. Renée, filha de Alfred e de Estelle, vai ser uma figura marcante na história da Van Cleef & Arpels. Casa-se com Émile Puissant, que também se junta à empresa familiar, e decide fazer uma special sales em Cannes, onde trabalhava o costureiro de renome Paul Poiret, que se traduziu num grande sucesso.
Renée tem um estilo único e original e deixa uma marca profunda nas suas criações, mas não está só e vai trabalhar com o designer René Sim-Lacaze, uma colaboração muito frutífera em termos de peças. Em conjunto vão criar, entre outras, flores de pétalas delicadas, pássaros que parecem voar, tudo desenhos com grande fluidez, onde elegância se mistura com feminilidade e as curvas com arabescos, bem ao estilo da art déco.
Hélène, a elegante mulher de Louis Arpels, torna-se uma embaixadora da Casa e ajuda, com a sua allure, a difundir a imagem de glamour na imprensa. Essa reputação torna-se um objeto de desejo para muitas mulheres.
As exposições internacionais em que a Van Cleef & Arpels participa aumentam-lhe a projeção. Em 1929, na mostra Les Arts de la Bijouterie et Orfévrerie, é a única Casa a apresentar pedras de cor e, em 1931, já tem entre as suas linhas peças exóticas com corais, lápis-lazúli e turquesas em talhe cabouchon.
Estojo para elegantes
A par da alta-joalharia, a Casa distingue-se, igualmente, pela criação de objetos preciosos, como relógios de mesa, espelhos ou até caixas em ouro. Até que em 1933 é criada a Minaudière, um essencial da toilette feminina para substituir a vanity case. Trata-se de um requintado nécessaire em ouro, lacas e metais preciosos. Minaudière é a tradução de maneirismos, o que equivale a boas maneiras. Foi Charles Arpels, inspirado pela americana Florence Jay Gould, quem decidiu criar esta peça de luxo que tem espelho e vários compartimentos para batom, pó compacto, cigarreira, comprimidos, isqueiro, lenço, pente, óculos para ópera, relógio etc. Um verdadeiro estojo para todas as senhoras elegantes.
Inventores de um mistério
Mystery setting, em inglês, ou serti mystérieux, em francês, nasceu em 1933 e ainda hoje é uma das imagens de marca da Van Cleef & Arpels. Trata-se de uma autêntica revolução na técnica de cravação das pedras preciosas e, por isso, é também uma verdadeira revolução artística. Esta invenção foi patenteada por esta joalharia e ainda hoje é um dos seus grandes exclusivos, tornando possível a junção das pedras, uma a uma, sem mostrar qualquer fixação. Nasceu de um trabalho conjunto do designer e do lapidador e mostra uma superfície completamente verde, azul, vermelha ou branca, conforme se trate de esmeraldas, safiras, rubis ou diamantes. Quem está encarregue deste trabalho são os mains d’or, que o fazem num grande secretismo, de acordo com os altos padrões de qualidade da Casa e só muito poucos sabem como é realmente feita esta técnica. Para se ter uma ideia, um clip com esta técnica, muito complexa, mas com um grande efeito visual cromático, demora mais de trezentas horas a ser feito, criando uma ilusão quase tridimensional.
A caminho da América
Dois anos depois, a Casa decide abrir um espaço próprio no principado do Mónaco, no Casino de Monte-Carlo, que na altura começa a ser um dos locais mais requintados da Europa, mas a ambição de chegar mais longe leva a família à conquista da América, a terra dos sonhos e dos milionários, sem história.
O filho de Julien Arpels, Claude, que também se junta à empresa, mostrou ser um bom comerciante e, em 1939, muda-se para Nova Iorque para abrir uma Van Cleef & Arpels destinada ao mercado norte-americano. Dez anos antes, a loja de Wall Street ainda chegara a abrir portas, porém o crash não deixou que o projeto vingasse. Mas agora ali estava Claude Arpels no Rockkefeller Center. Os seus desenhos, dirigidos para o mercado americano, são um sucesso, e esta abertura foi mesmo um grande marco na história da Casa.
Aqui, do outro lado do Atlântico, o estilo das joias é diferente. As mulheres trabalham fora de casa, o que lhes permite afirmar mais a sua personalidade. As peças são feitas com mais pedras, e a adesão foi imediata. Segue-se a abertura de lojas em Palm Beach, na Fifth Avenue e em Beverly Hills, onde vivem as estrelas de cinema.
Depois da ocupação nazi
A situação em França complica-se durante a Segunda Guerra Mundial. Os irmãos Charles e Louis e a mulher Hèlène, sendo descendentes de judeus, viram-se obrigados a deixar o país e vão para os EUA em 1940. Renée Puissant fica sozinha na Place Vêndome, mas como a joalharia fica subjugada às leis do governo de Vichy, pró-alemão, Renée procura refúgio seguro. A empresa volta à família em 1944, com os irmãos Claude, nos Estados Unidos, Jacques, que viaja pelo mundo à procura das melhores pedras, e Pierre, o mais criativo, a desenhar novos modelos.
Aos poucos, França volta a ser a capital do luxo e Pierre vai ser o autor de grandes sucessos. O Ballerina Clip, de 1942, nasce devido ao seu amor pela dança e ainda hoje tem novas reinterpretações. Também vai criar outro grande êxito de vendas, em 1949. Trata-se de um relógio que ficou batizado como P.A.49 em sua homenagem.
O fecho torna-se colar
As décadas seguintes são muito inovadoras para a Casa. Ao que tudo indica, a duquesa de Windsor, mulher do ex-rei Eduardo VIII de Inglaterra, aconselhou Renée Puissant a criar o colar Zip, um trabalho que conta com a colaboração de René Sim-Lacaze para o efeito, e a joia tornar-se-ia num dos ex-líbris da Casa. Trata-se de uma revolução na alta-joalharia que cria, a partir de um fecho de roupa, um zip, cada vez mais presente no vestuário da altura, um colar. Agora imagine-se o trabalho que é preciso ser feito para criar um colar em forma de fecho com ouro e pedras preciosas, todo articulado para se abrir e fechar na perfeição. E estes colares são transformáveis (outra invenção) quando fechados em pulseiras.
A criação da joalharia
Até aqui estamos a falar de alta-joalharia, com a presença abundante de diamantes e pedras de cor, de edição limitada ou mesmo encomendas especiais. A partir de 1954, a Van Cleef percebe que pode chegar a outros públicos e cria coleções a preços mais razoáveis, aquilo a que se chama joalharia, com edições em série e para uma clientela, que se move em contextos mais dinâmicos e que, não tendo poder de compra para peças inacessíveis, pode adquirir a outros valores linhas mais massificadas como pulseiras em fio, charms, clips com animais, relógios. É nesta linha que se enquadram a pedras duras ou a Perlée Collection.
First, o primeiro perfume
A encomenda que a casa imperial persa faz para Farah Diba, em 1967, é outro marco histórico e leva a que a marca chegue mais longe. O mercado asiático estava por explorar e a Van Cleef & Arpels foi a primeira Casa francesa a chegar ao Japão. Seguir-se-á, na década seguinte, Hong Kong e Moscovo.
Verdadeiramente internacional, faltava-lhe abrir os horizontes a novas áreas de negócio e criar um produto, bastante mais acessível, que permitisse ao comum dos mortais também ter um pouco desta magia aspiracional de ter um objeto duma grande joalharia. Assim nasceu, em 1976, First, um perfume. O nome é fácil de entender. First foi por ter sido a primeira Casa de joias do mundo a lançar uma fragrância. Hoje, além deste, também foram lançados Tsar, Birmanie Fisrt Love ou Féerie, por exemplo.
Herança própria
Em 1987, consciente do seu papel na história da alta-joalharia, a Van Cleef começa a criar a sua coleção privada, composta por joias históricas que criou ao longo de mais de um século. Muitas, depois de vendidas, voltaram ao mercado, ou pelos próprios proprietários ou pelos herdeiros, e sempre que possível a Casa tentava adquiri-las, não só para aumentar o seu espólio mas também para ficar com o registo histórico e material do seu savoir-faire. Em 2019, a coleção já contava com 1500 peças, desde 1906 até à primeira década do século XXI. Fazem parte deste acervo, o clip Peony, em mystery set, de 1937, da princesa Fawzia do Egito, o clip Five Leaves de Maria Callas e a pregadeira Spirit of Beauty de Barbara Hutton.
Por vezes, essas peças partem em exposições itinerantes e são uma forma de todos poderem ver, ao vivo, a herança de uma das maiores casas de luxo do mundo, sob a forma de retrospetiva. É neste contexto que se insere a atual exposição Time, Nature Love, que o Museu Nacional da Arábia Saudita, em Riade, mostra até 15 de abril.
Fama internacional
As pedras raras, o seu brilho e pureza, engastadas em metais preciosos, aliados a um design único, que se soube sempre superar, deram ao longo de gerações fama a uma Casa que procurou desde o primeiro dia a excelência na sua manufatura. A procura de celebridades, das estrelas do cinema, da música e das famílias reais da joias Van Cleef & Arpels foram a sua melhor publicidade. E neste capítulo a lista é mesmo infindável.
Jackie Kennedy usava com frequência o seu par de clips Flames de diamantes. Vários mitos da sétima arte foram fãs desta Casa. Marlène Dietrich gostava tanto da sua enorme pulseira de rubis e diamantes que a usou mesmo no filme Pânico nos Bastidores, de Alfred Hitchcock, em 1950. Claudia Cardinale, em 1962, chegou a posar para a Vogue norte-americana com tiara, colar, brincos, anel e pulseira de diamantes. Maria Callas era outra fã da marca, assim como Liz Taylor, que tinha, entre outras peças, um colar com margaridas e um colar com um leão. Nomes mais recentes como Sharon Stone e Scarlett Johansson também se renderam às suas peças, assim como Julia Roberts, que recebeu o Óscar de Melhor Atriz com a pulseira Snowflake ou Uma Thurman, com o famoso Rose de Noël.
Cabeças coroadas
Várias casas reais da Europa e não só escolheram a Van Cleef & Arpels para as suas encomendas especiais. Para o seu casamento, em 1939, com Reza Pahlavi, o xá da Pérsia, a princesa Fawzia do Egito usou um colar e tiara de diamantes que são duas das peças mais belas de sempre da joalharia. A segunda mulher do xá, a princesa Soraya, também contava entre os seus tesouros com uma pulseira com relógio secreto em platina e diamantes. Para a coroação da sua terceira mulher, Reza Pahlavi encomendou uma coroa que é uma das mais belas peças de sempre da história de toda a joalharia do século XX e, como as pedras pertenciam ao Estado e não podiam sair do país, a Van Cleef foi até Teerão fazer a joia.
A maharani de Baroda, em 1950, também recorre aos seus ateliers e pede um colar e brincos de diamantes e esmeraldas em forma de pera, de um tamanho tão grande que ainda hoje continuam únicas.
A rainha Sirikit, atual rainha-mãe da Tailândia, tem uma vasta coleção desta Casa e o duque de Windsor, o ex-rei de Inglaterra, ofereceu à mulher um colar gravata, com rubis e diamantes, montados em platina, cujo valor é incalculável.
Entre as cabeças coroadas com encomendas especiais, conta-se também Grace do Mónaco, que recebeu como presente de casamento do marido uma parure de pérolas e diamantes. Aliás, a Van Cleef & Arpels teve a honra de ser mesmo uma das fornecedoras oficiais da família Grimaldi. Anos mais tarde, o filho do casal ofereceu à mulher como presente de casamento a tiara Océan, que se transforma em colar, em safiras e diamantes. A casa real do Luxemburgo tem, igualmente, entre as suas coleções, uma tiara de diamantes e esmeraldas nascida nos ateliers no número 22 da Place Vendôme.
Poesia e escultura
Os peritos em joalharia afirmam que toda a minúcia e precisão que envolvem este sector de luxo é equivalente a um trabalho de escultor. Mais, cada pedra é escolhida como tanto cuidado como aquele que o poeta tem em dar corpo à mensagem do seu poema. É inegável que estamos perante um mundo de beleza, onde cada pedra, grande ou pequena, brilha e tem reflexos que variam consoante a intensidade da luz que nela incide. Por isso se diz que as joias são uma forma de eternidade, porque são eternas e eternizam momentos. Talvez, por isso, alguns nomes da moda se associaram à Van Cleef & Arpels, caso de Viktor & Rolf, Julien MacDonald e até mesmo Karl Lagerfeld, que adorava os clips de diamantes em formas de laço.
Universo intemporal
As várias fontes de inspiração da Casa são o reflexo de uma beleza intemporal que não segue modas, mas que definiu o seu próprio estilo. A Natureza é disso um grande exemplo. Entre a fauna que se transforma em joalharia, encontram-se borboletas, libelinhas, colibris e vários pássaros. No reino da botânica, encontramos rosas, orquídeas, margaridas, peónias ou heras.
O mundo da dança, uma das paixões de Louis Arpels, dá origem a várias bailarinas, plenas de movimento, num autêntico bailado de cores. A linha Cadenas, de relógios, foi inspirada pela duquesa de Windsor. As lendas e os contos de fadas também invadem o imaginário e obras como Sonho de Uma Noite de Verão e Contos dos Irmãos Grimm deram origem, mais recentemente, a novas coleções. A astronomia, o Sol, a Lua e o firmamento são convocados para relógios que nos convidam a viajar e a apreciar a poesia do tempo.
A Van Cleef & Arpels deixou de fazer parte da família em 2000, ano em que foi adquirida pelo grupo Richemont, mas no espírito da Casa ainda prevalece uma espécie de alquimia que desperta os sentidos, tudo porque, como dizia Claude Arpels, “cada pedra tem uma alma própria”.
Por: Alberto Miranda
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