
O percurso profissional, em hotelaria, de Paula Morgado Lino, teve início há mais de doze anos. Com licenciatura e pós-graduação em Gestão Hoteleira e Turismo, desenvolveu e criou, ao longo da carreira, soluções inovadoras para várias unidades hoteleiras de renome em diferentes países, como Espanha, China e Bahamas. De regresso a Portugal, assume funções como diretora de operações do Lisbon Marriott, do Grupo Sotéis.
Como aconteceu o ingresso no Lisbon Marriott?
Em hotelaria tudo acontece de forma inesperada e muito rápida. Foi exatamente assim que me aconteceu. Estava feliz, tranquila e motivada no meu anterior hotel, mas o enorme desafio para esta posição – diretora de Operações no Lisbon Marriott, nesta grande cadeia hoteleira e em Lisboa, fez toda a diferença, e cá estou eu.
Identifica-se com os valores desta cadeia hoteleira?
A nossa identificação está espelhada no nosso lema Putting people first, e, de facto, a minha motivação de vida são as pessoas. Nesta cadeia tenho a oportunidade de conciliar o valor da pessoa no trabalho e no desempenho da sua profissão com o valor da pessoa como cliente, promovendo a satisfação e o bem-estar mútuo, em dualidade trabalhador-cliente. Atualmente, esta relação é cada vez mais uma preocupação em todas as cadeias hoteleiras, mas a Marriott, nisto, faz história.
Neste momento em que consiste o seu trabalho?
Tentando explicar de modo simples, o meu trabalho consiste em desenvolver mecanismos de ação motivadores e ferramentas que possibilitem, em cada departamento, atingir um maior grau de eficácia e de rentabilidade para a companhia, mas que ao mesmo tempo potencie maximamente a satisfação do cliente e do associado numa experiência única junto de nós.
Quais foram os maiores desafios que encontrou no recente cargo e como vai superá-los?
Sendo o Lisbon Marriott um grande hotel – tem 577 quartos e uma taxa de ocupação muito alta durante o ano inteiro –, é mesmo um desafio diário para que tudo funcione com a eficácia e a perfeição que se pretende e que o cliente que nos procura sinta que para nós é único e não apenas mais um. As dificuldades superam-se sempre com paixão por aquilo que se faz e com imenso respeito e preocupação por aqueles que diariamente trabalham connosco e de modo igual se envolvem na resolução dos problemas. O segredo é simples, está no trabalho que se desenvolve em equipa.
Como posiciona o Lisbon Marriott em termos de conceito e face à concorrência?
O Lisbon Marriott consegue conjugar as características de um hotel de negócios, corporate com espaços e salas amplas, num ambiente acolhedor e próximo do cliente, características estas mais comuns em hotéis mais intimistas, românticos e mais pequenos. Nós trabalhamos todos os dias para que, quer individualmente quer no grupo, cada cliente se sinta único. Nem sempre se consegue esta conjugação em hotéis da concorrência.
Das Bahamas para Portugal há muitas diferenças, e o conceito hoteleiro também não é igual. O que é que traz desta sua experiência que seja útil ao Lisbon Marriott e ao nosso país?
Das Bahamas trouxe para o Lisbon Marriott a experiência do trabalho direcionado exclusivamente para a satisfação plena de cada cliente de per si. Trouxe também a experiência de um trabalho muito exclusivo que proporciona ao cliente vivências verdadeiramente únicas. Irei incrementar gradualmente estes conhecimentos no Lisbon Marriott, para que a nossa posição face à concorrência seja ainda mais distintiva.
O seu percurso tem sido mais a nível internacional. O que aprendeu por onde passou?
O meu percurso fora de Portugal e em realidades culturais bem diferentes desenvolveu-me uma enorme capacidade de adaptação e resiliência. Além disso, também desenvolvi um enorme sentido de respeito pelos outros e pela diferença. Este percurso faz-me olhar para todas as pessoas com quem trabalho e para o cliente de uma forma que nunca seria a mesma se não tivesse experienciado vivências em Xangai, Barbados, Bahamas e o período pandémico fora de Portugal. Não sou uma profissional de excelência; sou apenas uma profissional muito dedicada, preocupada em aprender constantemente, vestindo completamente a camisola da cadeia para a qual trabalho e tentando fazer tudo melhor que no dia anterior.
Quais são os seus pontos fortes?
Sou lutadora, tenho orgulho em ser mulher e tenho sentido de gratidão.
Acredita que os jovens recém-licenciados devem sair de Portugal para conhecer outras realidades e voltarem com mais competências?
Acredito que experiências diversas são sempre enriquecedoras e fazem-nos crescer muito. Contudo, também sei que muitos jovens têm pouco espírito de sacrifício e de trabalho. Sim, porque estar fora da zona de conforto não é fácil.
Como encontrou Portugal depois de alguns anos fora em termos de acolhimento de turistas?
Encontrei um país mais aberto, muito acolhedor aos turistas, não só em Lisboa como também noutras zonas, como o Douro, o Porto, Aveiro, entre outros locais que visitei. Comparando com outras realidades, nós somos um povo genuinamente acolhedor, muito afável e prestável. Já tive o gosto de diferentes clientes que conheci noutros hotéis fora de Portugal nos visitarem no Lisbon Marriott e ficarem maravilhados connosco. Penso que esta conjugação de características não é muito comum no mundo. Desejo que assim continuemos.