“Quando decidi ser enóloga, sabia que talvez fosse difícil, mas isso não me impediu de sonhar e de concretizar esse meu objetivo.”
A Sandra desfilou nas principais passarelas da moda, porém, sempre soube que a sua paixão era o campo. Quando decidiu enveredar pela enologia?
Desde muito pequena que tive um encanto pelo campo pois passava grande parte do meu tempo, férias e fins de semana, na quinta do meu avô em Alcochete com toda a família. Daí, desde muito cedo, decidi estudar Agronomia. Mais tarde, na década de oitenta, quando os meus pais decidiram iniciar um projeto juntos e compraram a Quinta de Chocapalha, foi decisivo especializar-me em Viticultura e Enologia.
Qual foi o principal motivo que a levou a seguir os estudos em Agronomia e, mais tarde, a especializar-se em Viticultura e Enologia?
O principal motivo foi o enorme fascínio que sempre tive pela agricultura e em especial pelas vinhas. Mais tarde decidi estudar Enologia, pois é a forma de conseguir criar e partilhar um produto único, com enorme identidade e expressão de cada terroir e de cada vinha.
Na altura, o que sentiu ao ser uma das poucas enólogas no país, numa área sobretudo dominada pelos homens?
Em todo o meu percurso e desde muito nova, sempre tive uma forma de estar muito natural em todas as decisões, muito objetiva e focada. Assim, quando decidi ser enóloga, sabia que talvez fosse difícil, mas isso não me impediu de sonhar e de concretizar esse meu objetivo. Acreditei sempre que seria possível! E assim foi!
Hoje é proprietária da Wine & Soul, projeto que fundou com o seu marido, também ele enólogo. Como foi começar esta aventura a dois?
Em 2001, no mesmo ano em que nos casámos, decidimos criar um vinho juntos, um vinho diferenciador do Douro, proveniente de uma vinha muito velha com uma localização e características únicas. Assim nasceu o Pintas! A partir desse ano, a nossa enorme paixão pelas vinhas velhas do Douro e a constante procura de vinhas distintas e excecionais fez com que, passo a passo, fôssemos comprando, investindo e recuperando muitas parcelas pequenas de vinhas e também a Quinta da Manoella. Atualmente, possuímos 30 hectares de vinhas no Douro em diferentes localizações, altitudes e exposições, para criarmos vinhos com identidades muito próprias e específicas de cada uma das origens.
De que consta a atividade da Wine & Soul?
A Wine & Soul é uma empresa que se dedica à produção de vinhos do Douro, vinho do Porto, azeite e enoturismo.
Além da Wine & Soul, a Sandra também é enóloga do projeto da sua família, a Quinta de Chocapalha. De que forma consegue conciliar ambas as atividades?
São duas regiões muito diferentes, muito fascinantes e com enorme potencial para criar vinhos diferenciadores e únicos. Ambos os projetos são muito importantes para mim, já que sou responsável desde o início e tenho uma enorme ligação emocional. Consigo conciliar os dois, fazendo muitos quilómetros todas as semanas e, claro, com uma equipa fantástica em cada um dos projetos.
Em 2020, foi eleita uma das melhores enólogas a nível mundial pela reconhecida crítica e jornalista Jancis Robinson, no Financial Times. E este ano foi distinguida como a Melhor Enóloga de 2021 nos prémios Melhores do Ano por uma revista da especialidade. Como interpreta estes reconhecimentos?
Com grande alegria. Ambos os prémios são muito importantes para mim, pois são um reconhecimento internacional e nacional do trabalho que tenho vindo a desenvolver ao longo da minha carreira.
Qual dos seus vinhos é o seu predileto? E porquê?
Esta pergunta é impossível de responder pois todos os vinhos têm uma importância enorme, uma história especial e um momento, daí não conseguir responder…