Natural do Rio de Janeiro, a designer de joias viu a sua criatividade ser o assunto da cidade ao transformar uma hippie pulseira de macramé num objeto de luxo. Atualmente a morar em Portugal, com oficina no Estoril, a sua marca de joias, que leva o seu nome, cruza elementos do mar com amuletos de fé e ícones de poder. É aqui que a mente criativa de Mônica Rosenzweig se alimenta com novas experiências, é neste cenário à beira-mar que a designer procura criar peças com um caráter diferenciador.

Por que escolheu esta área do design de joias?
Sou formada em Desenho Industrial e Comunicação Visual e trabalhei durante muitos anos nessa área. Até ao dia em que tive a oportunidade de aprofundar os meus estudos numa matéria muito particular, a da classificação de diamantes. Um universo que sempre me fascinou é o das gemas. Daí até fazer desenho de joias no GIA (Gemological Institute of America), em Nova Iorque, foi um pulo. Uma paixão conduziu à outra.
Quais são atualmente os seus materiais favoritos para trabalhar?
Tenho trabalhado muito com ouro e prata, peças que os clientes me trazem para “ressignificar”, além disso, nas minhas criações, tenho vindo a usar a madeira com a prata, e a eterna união entre ouro e diamantes.
Qual a peça com mais impacto visual criada até hoje? E aquela que lhe deu mais prazer criar?
Peças que me remetam para o mar, o oceano são a marca do meu trabalho. Gosto muito de usar pedras em tons de azuis e verdes, com diferentes lapidações em prata ou ouro. Mas aquela que teve o maior impacto visual foi um colar de navetes de diamantes e um pingente de Turmalina Paraíba de 34 ct, com navetes ao redor. Há pouco tempo, desenhei um anel solitário, com um diamante que havia sido da bisavó da cliente e os sentimentos envolvidos na preparação da peça foram altamente inspiradores. Foi uma alegria a cada etapa.
Quais as ferramentas essenciais para alcançar o sucesso?
Em primeiro lugar, acreditar no sonho, e que tudo é possível. Trabalhar com amor, honestidade e excelência faz toda a diferença. Sou perfecionista e dou o meu melhor sempre com o meu cliente em mente.
Qual é a sua experiência mais memorável enquanto empresária neste setor?
O dia da inauguração do meu ateliê com loja em Ipanema (RJ). Eu já tinha uma sala de atendimento e venda há alguns anos, mas consegui uma casa charmosa, com um incrível jardim, para incluir as clientes no meu mundo. Ali, eu ouvia as histórias que me davam tanto gosto e tinha o prazer de realizar eventos frequentes para estar mais próxima do meu público. Era uma forma de unir a natureza – já que tinha um paisagismo na área externa -, o ateliê para criar e o lado humano.
Qual foi o maior obstáculo que alguma vez enfrentou?
Mudar do Brasil para Portugal e recomeçar minha carreira.
De que forma usa os diferentes canais de ‘social media’ para divulgar a sua empresa / trabalho? E quais os que usa atualmente?
Uso o Instagram e o Facebook, tenho um site da marca, mas a maior parte do trabalho é realizada pelo WhatsApp. A praticidade das redes sociais facilita muito o dia-a-dia e põe-me em contacto com qualquer lugar do mundo. Atendo brasileiros, portugueses, angolanos… Não há limites e isso também é um estímulo para as minhas criações. Já sou fascinada pelo mar e penso que o Atlântico é minha ligação com outras pessoas e as suas histórias.
Como concilia a vida empresarial com a vida pessoal?
A minha vida pessoal e as escolhas que fiz são minha principal inspiração. Comecei a surfar aos 40, mudei de país quando estava próxima dos 50 e essa ligação com o mar, o lado bonito da vida, as viagens, apreciando sempre o belo, são as principais expressões do meu trabalho. Tenho um espaço de criação em casa e isolo-me completamente quando é hora de criar.
O que a inspira?
Além do mar, da natureza e das descobertas culturais que faço por onde passo, o que me inspira são as histórias dos clientes. As marcas deixadas de uma geração para a outra. Adoro reinterpretar as peças, dar-lhes novos significados, transformar um relógio do avô numa pulseira para presentear uma neta. A magia de usar os sentidos da visão com os cenários que visito, audição pelas histórias que escuto, olfato e paladar pelas maravilhas que aprecio ao redor do mundo… Tudo se converte no tato ao criar peças novas.
Que conselhos daria a outras mulheres que estão agora a iniciar uma vida empresarial?
É evidente que é preciso organizar prioridades, ter foco no objetivo a seguir, mas o principal, para mim, é a escuta. Estar sempre com a antena ligada, pronta para escutar os outros. Como posso ajudar a curar a necessidade das pessoas? Como posso tornar o meu produto realmente útil para ajudar alguém? A verdade é que tudo na vida é uma troca humana. Negócios, acima de tudo, são histórias contadas, com consequências comerciais, mas a causa inicial precisa de ir além do financeiro ou da sobrevivência, porque para dar certo deverá ser, essencialmente, interativo, olhar profundamente a existência do outro e o nosso papel social diante do que apreendemos do mundo que nos rodeia.
Por Isabel Figueredo