
Cristina Saiago está à frente da Clarins desde 2008, ano em que assumiu a direção-geral da marca em Portugal. Licenciada em Economia, rapidamente abraçou o mundo da cosmética e da perfumaria, estreando-se no Grupo Estée Lauder, tendo passado posteriormente pela Yves Saint Laurent. Hoje, lidera a marca de cosmética mais vendida na Europa, com a proeza de ter conseguido colocá-la em primeiro lugar em Portugal.
A Cristina tem um vasto currículo, com muitos anos de experiência na área empresarial, em cargos de topo e de grande responsabilidade. Como mulher e profissional, com toda a experiência somada, considera que as mulheres têm atualmente mais e melhores ferramentas, bem como mais oportunidades para empreender e concretizar os seus projetos?
Ser empreendedor exige coragem, pois é entrar numa aventura sem rede.
Qualquer empreendedor precisa de ter algumas características essenciais para sobreviver: resiliência, que se revela na capacidade de ultrapassar contrariedades, e determinação, pois é um exercício permanente de foco e força de vontade.
As mulheres, tradicionalmente, precisam de se esforçar mais do que os homens para serem merecedoras do respeito e consideração resultantes da sua boa performance. Sem dúvida que a paridade de géneros está hoje mais próxima do que no passado. No entanto, algumas limitações como, por exemplo, a maior dificuldade de acesso a capital e a ausência de network de outras mulheres inspiradoras, ainda têm de ser ultrapassadas.
Quais são os maiores desafios que atualmente se colocam às mulheres empresárias?
É preciso resistir a expetativas sociais. Os homens são vistos como competitivos, agressivos no meio empresarial, na forma de abordar os assuntos e as pessoas. As mulheres devem resistir a esse estereótipo e serem elas próprias, com as suas imensas características e talentos que as distinguem dos homens.
As mulheres são mais tímidas a anunciar os seus sucessos, e mais cautelosas e conservadoras a fazer previsões com receio de não atingir os objetivos a que se propuseram. O medo paralisa, estagna e, por isso, é necessário aprender, mudar a trajetória e ter autoconfiança e autoestima para continuar a avançar e não desistir, mesmo se alguns obstáculos surgirem.
Qual a importância do projeto F Club nesta lógica de criação de uma rede de relacionamento empresarial entre mulheres, de partilha de experiências e de conhecimentos?
Normalmente, é nestes acontecimentos que descobrimos que temos imensas coisas em comum. É uma forma de nos sentirmos acompanhadas e, de certa forma, protegidas pelo grupo. Por outro lado, é sempre uma fonte de inspiração saber das histórias umas das outras. Potencia confiança e energia para continuar.
Por: Sandra Salgueiro